“O Brasil não usufrui mais da mesma confiança do consumidor internacional para a exportação de muitos de seus produtos”, afirmou o gestor de Fundos Renda Fixa da BNP Paribas, Henri Rysman, no Encontro de ESG, promovido pela Suno Research na quarta-feira (17).
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Graças a uma comunicação ineficaz e regulação ainda tímida de práticas ESG nas empresas, o país acaba perdendo espaço na seleção de um consumidor acostumado a padrões mais rígidos de fiscalização, segundo o gestor do BNP Paribas.
“O Brasil está melhorando, mas tem um longo caminho pela frente em questão de regulação. Tem oportunidade sendo perdida”, afirmou.
Rysman também pontuou que emissões de títulos de dívida ligados à temática ESG, como títulos verdes ou títulos ligados à sustentabilidade (do inglês sustainability-linked bonds, ou SLBs) também têm espaço para crescer no mercado nacional.
Segundo o gestor, até mesmo o setor público não explora todas as suas oportunidades de emissão de dívidas sustentáveis, seja por falta de interesse no tema ou por menor capacidade de quantificação do “greenium“, prêmio intrínseco a títulos desta categoria.
“Na América Latina, muitos países estão fazendo emissões verdes e conseguindo obter o greenium em títulos soberanos, como o Chile. O Brasil não faz isso”, disse.
No caso de emissões feitas por empresas, vazios de fiscalização e padronização ainda permeiam, principalmente, os títulos atrelados à sustentabilidade, títulos nos quais metas ESG são integradas a metas da própria companhia.
“Em alguns SLBs, temos metas que não têm implementação material”, afirmou Rysman, que pontuou que muitos dos títulos privados disponíveis no mercado ESG precisariam de uma segunda avaliação para entrar em uma carteira do BNP Paribas.
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