Após a criação de 440.006 vagas em dezembro (dado revisado), o mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 180.395 carteiras assinadas em janeiro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira, 15.
O resultado do primeiro mês de 2024 decorreu de 2.067.817 admissões e 1.887.422 demissões. Em janeiro de 2023, houve abertura de 90.031 vagas com carteira assinada, na série ajustada. Este é o melhor resultado para o mês desde 2021, quando foram criados 257.059 postos de trabalho – a série histórica do Novo Caged foi iniciada em 2020.
O resultado veio acima da previsão mais otimista dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast. O intervalo das estimativas de abertura de vagas ia de 60 mil a 115.496, com mediana em 85.428.
De acordo com os dados do ministério, o resultado foi novamente puxado pelo desempenho do setor de serviços no mês, com a criação de 80.587 postos formais, seguido pela indústria geral, que abriu 67.029 vagas. Já a construção civil gerou 49.091 vagas em janeiro, enquanto houve um saldo de 21.900 contratações na agropecuária. O comércio registrou fechamento de 38.212 vagas de emprego no mês.
No primeiro mês do ano, 25 das 27 unidades da Federação obtiveram resultado positivo no Caged. O melhor desempenho entre os Estados foi registrado em São Paulo, com a abertura de 38.499 postos de trabalho. Já o pior desempenho foi do Maranhão, que registrou o fechamento de 831 vagas em janeiro.
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada foi de R$ 2.118,32 em janeiro. Comparado ao mês anterior, houve alta real de R$ 69,23 no salário médio de admissão, uma alta de 3,38%.
Vagas e desempenho
Para ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o saldo de empregos em janeiro é uma boa sinalização para a economia brasileira em 2024. “Não foi o principal resultado para o mês, mas tem um patamar importante de largada na economia deste ano”, disse em entrevista coletiva.
Marinho ainda afirmou que a política de valorização do salário mínimo como um fator positivo, pois em janeiro também registrou uma elevação do salário médio de admissão.
Em relação aos setores, Marinho destacou o papel da indústria, que gerou 67.029 vagas em janeiro. “A reestruturação do parque industrial brasileiro é a oportunidade do Brasil se reinserir globalmente no debate, como os debates de matriz energética e os anúncios do setor automotivo, com investimentos relevantes”, disse, lembrando que o setor é prioritário para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin.
Em sua fala inicial, Marinho também destacou a atualização da tabela do Imposto de Renda, já que a ampliação da faixa de isenção beneficia as pessoas que recebem menores salários.
Juros
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, afirmou que o cenário mais favorável da economia neste ano, com juros e inadimplência caindo e inflação baixa, devem favorecer a criação de empregos. “Pode caminhar para algo mais próximo de 1,2 milhão de vagas (no ano)”, disse.
Vale avaliou que o resultado foi coerente com as surpresas também registradas por indicadores de atividade no mês. Os dados de janeiro, para o economista, são ponto de preocupação para a condução da política monetária, especialmente porque a inflação de serviços ainda não está devidamente domada.
Para Vale, o cenário corrobora a projeção do MB de Selic terminal de 9,25%, com a última redução prevista para a reunião de julho. O economista afirmou que caso a atividade econômica continue a surpreender pode haver alteração na visão de quem está vendo a taxa abaixo do consenso do mercado, de 9%.(COLABOROU MARIANA GUALTER)
(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo)