O Brasil não depende da Argentina para colocar em vigor o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O tratado assinado em julho tirou a obrigatoriedade de, antes de validar um acordo comercial, passar pela aprovação da Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil.
O candidato de centro-esquerda e pertencente à chapa da Cristina Kirchner, Alberto Fernández, afirmou em sua campanha que o tratado entre o Mercosul e União Europeia necessitava ser revisto.
Além disso, o candidato afirmou que se vencer poderia romper com o acordo recém-firmado. Dessa forma, o presidente da República, Jair Bolsonaro, está preocupado com o retorno do Kirchenerismo.
“O presidente também já tem declarado o seu receio de que possam existir retrocesso no recém-assinado acordo do Mercosul com a União Europeia caso o candidato Alberto Fernández venças as eleições”, disse o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.
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No entanto, ainda que o governo brasileiro esteja receoso quanto as medidas que serão adotados pelo candidato, se for eleito, o presidente da República afirma que não romperá com argentinos.
“A gente vai ver como é que fica a situação [entre os dois países]. Ninguém quer… Eu [não quero] romper unilateralmente [a relação]. Mas ele mesmo, o candidato [Alberto Fernández], cujo partido ganhou as prévias, falou que quer rever o Mercosul. O primeiro sinalizador é de que vai ser uma situação bastante conflituosa”, disse Bolsonaro.
Mercosul e União Europeia
O atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, que foi derrotado nas eleições prévias pelo Fernández, possui estratégia com o presidente Bolsonaro sobre alíquotas de importação do bloco.
Os presidentes tem como objetivo reduzir pela metade as alíquotas de importação da Tarifa Externa Comum usada pelo Mercosul com países que não fazem parte do bloco.
Desse modo, o País expressou sua preocupação com as eleições do país vizinho.
“É sempre complicado um processo eleitoral em um país do Mercosul onde a chapa eleita não esteja totalmente alinhada com a estratégia estabelecida pelos sócios. A melhor postura, no momento, é termos um pouco de precaução antes de fazermos declarações antecipadas e esperarmos o resultado. Certamente, vamos no sentar e decidir melhor caminho. Nossa expectativa é que o presidente Macri vença as eleições, para que a gente consiga seguir no processo de melhora do bloco”, disse secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz.