Brasil aceita zerar taxas de etanol se os EUA aceitarem reduzir o açúcar, diz secretário

Em resposta a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre impor tarifas em produtos do Brasil caso o governo federal não reduzisse as taxas impostas ao etanol importados dos EUA, o secretário do Ministério da Agricultura disse que o País aceita reduzir, desde que os norte-americanos façam o mesmo com o açúcar brasileiro.

Na última segunda-feira (10), Trump disse que a política dos EUA se baseia na reciprocidade. “No que diz respeito ao Brasil, se eles impõem tarifas nós temos de ter uma equalização de tarifas. Vamos apresentar algo sobre tarifas e justiça. É chamado reciprocidade. Você pode esperar algo sobre isso muito em breve”.

Em resposta, o secretário de Assuntos Internacionais da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro, disse que “não podemos falar de reciprocidade apenas em setores que interessam a um dos lados. Nesse sentido, o Brasil está disposto a conceder o mesmo tratamento para o açúcar brasileiro, ambos produtos derivado da cana”, afirmou o secretário ao jornal “Estado de S.Paulo”.

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O atual acordo prevê isenção de tarifas nas importações de até 750 milhões de litros de etanol por ano. Atingido esse valor, a tarifa passa a ser de 20%. O apelo dos parlamentares norte-americanos é que essa tarifa seja zerada. Já o apelo dos políticos nordestinos é de que essa taxa não seja reduzida por causa da competição com o etanol do nordeste, uma vez que a entrada do produto dos EUA no Brasil acontece pelo porto da região.

O prazo desse acordo está previsto para encerrar no final deste mês e por esse motivo as atenções estão voltadas para os derivados da cana-de-açúcar. Antes, a cota era de 600 milhões por ano, mas a foi aumentada no ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro como uma ação diplomática ao seu aliado Trump. No entanto, o mandatário dos EUA não retornou o aceno. A expectativa era de que os norte-americanos favorecessem a importação do açúcar brasileiro.

De acordo com uma fonte do Ministério da Economia, ouvido pelo jornal, a liberalização do açúcar é o melhor cenário, já que aumentaria a comercialização entre os dois países.

Trump ameaça impor tarifas sobre produtos do Brasil

O posicionamento de Trump foi uma resposta ao reporter da “GloboNews” que havia questionado se o presidente pediu ao embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, para articular com o governo brasileiro para reduzir as tarifas impostas ao etanol.

Há algumas semanas Chapman tem sido pressionado por parlamentares democratas sobre o tema, isso porque, a mudança na cota do etanol pode ser explorada politicamente por Trump com os agricultores que são base do eleitorado republicano. O presidente afirmou que “não discutiu muito” a questão com Chapman, mas que conversará “em algum momento”.

“Veja bem, eu gosto muito do presidente Bolsonaro. Sei que ele está fazendo um bom trabalho no Brasil. A base da minha administração na relação com qualquer país quando o assunto é tarifa é reciprocidade. A gente taxa o país na mesma medida em que somos taxados”, disse Trump.

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Poliana Santos

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