O Bradesco ajustou nesta sexta-feira (6) sua estimativa para a taxa básica de juros (Selic) passando de 5% para 4,75% no fim de 2019. Um nível que deveria ser mantido até o fim de 2020. Segundo o banco, há muita margem para um estímulo monetário da atividade econômica no Brasil por meio da queda das taxas de juros.
Para os analistas do banco, a construção civil poderá ser a categoria que mais se beneficiará. “Quem mais tende a se beneficiar da queda dos juros é o setor imobiliário”, declarou o economista do Bradesco, Igor Velecico, em encontro com jornalistas.
O potencial de crescimento da economia vem das concessões de infraestrutura e privatizações com estabilidade dos marcos regulatórios.
O banco, revisou também a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) baseado nas pioras em relação à perspectiva para o cenário externo. Para 2020, a estimativa caiu de 2,2% para 1,9%. Já a projeção para 2019 continuou em 0,8%.
Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco declarou que: “Se a economia não estiver respondendo até o começo do ano que vem, o juro vai cair mais. Ainda tem muito espaço para a política monetária estimular a atividade”.
Câmbio
De acordo com o banco, por causa da intensificação da desaceleração global, a atual depreciação do real é algo razoável para a política monetária. Com isso, os analistas elevaram a estimativa do cenário para o valor do dólar no final do ano, passando de R$ 3,80 para R$ 4. Segundo Honorato, conforme a aproximação do fim de 2019, as incertezas sobre fatores externos, por exemplo, a guerra comercial, justificam o ajuste.
Segundo o economista-chefe, o câmbio voltará aos fundamentos com a retomada do crescimento da economia brasileira. Entretanto, segundo Honorato por conta do ambiente global, o curto prazo está “sujo”.
“Temos dito que o fundamento indica que o câmbio deveria estar mais perto de R$ 3,80 [por dólar] do que algo como R$ 4. Esse deslocamento responde a algumas coisas, como menos diferencial de juros do Brasil em relação aos emergentes. Com o menor diferencial de juros, nossa moeda se torna menos atrativa”, disse o economista.
Três vetores principais são levados em conta na análise do Bradesco sobre câmbio:
- juros
- solvência
- crescimento
Por causa do Brasil não apresentar um forte crescimento, o País acaba não atraindo investimentos. Logo, dois vetores jogam contra o câmbio (juros e crescimento).
Bradesco prevê alta de 0,1% para o PIB do 3T19
À medida que o Brasil volte a crescer, o câmbio deve se aproximar do esperado sugerido pelo fundamento, segundo o economista-chefe. “Com o menor diferencial de juros, nossa moeda se torna menos atrativa”, acrescentou o economista-chefe do banco.
Se o Brasil entregar a agenda econômica e de reformas, não tem como ficar pessimista com o PIB ou com o câmbio, disse Honorato, que salientou como o cenário global e a possibilidade de o setor privado não tomar o espaço do governo como alavancador do crescimento são os principais riscos ao crescimento brasileiro.
Para o economista, a equipe econômica do governo federal tem uma agenda correta, mas o mundo não está ajudando. Caso de fato ela seja entregue, as estimativas para a economia brasileira poderão ser revisadas para cima.
O banco prevê uma alta de 0,1% para o PIB do terceiro trimestre, por conta da estabilização dos níveis de investimentos e de construção civil no período, após resultado positivo no segundo trimestre. No quarto trimestre, a expectativa é de crescimento de 0,5% por conta dos saques do FGTS.
Quanto ao PIB global, a projeção do Bradesco foi mantida em 3% para 2019. Para 2020, houve uma queda em 0,4% da previsão anterior do banco passando de 3,2% para 2,8%. Para o economista, a desaceleração global foi o principal fator para o revisão do PIB brasileiro em 2020.