O Bradesco (BBDC4) estuda a abertura de um escritório em Portugal para atender os seus clientes ricos que se mudaram para o país. Segundo o responsável pelo private banking do Bradesco, Guto Miranda, o banco já estava monitorando o mercado lusitano há tempos, e o movimento de migração de famílias brasileiras do segmento private, dedicado aos clientes com milhões para investir, acentuou o planejamento.
O executivo afirma que, até aqui, o banco tem atendido esses clientes que se mudaram a Portugal com profissionais sediados na unidade do Bradesco em Luxemburgo, que se deslocam para fazer o atendimento. “Percebemos que tanto por conta do Golden Visa (possibilidade de obtenção de visto de residência por investimentos), quanto pela compra do imóvel, mais clientes nossos têm migrado para Portugal”, diz Miranda. A ideia, segundo ele, é que isso ocorra tão logo acabe a pandemia.
“Entre 50 e 100 famílias atendidas pelo private migraram para lá entre 2020 e 2021. Para nós, isso traz mais um potencial de crescimento offshore (no exterior)”, diz o executivo.
A área do private banking do Bradesco engloba R$ 365 bilhões em recursos sob custódia, ou uma participação de cerca de 20% desse mercado, que soma um total de R$ 1,8 trilhão, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
Continuar próximo aos clientes tem se demonstrado uma estratégia importante em um momento de alta disputa por esse filão de mercado. Caso siga esse caminho, o Bradesco vai atrás dos passos do Itaú Unibanco (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11), que se posicionaram no país, seguindo o rastro do dinheiro de seus clientes. A XP tem um projeto semelhante.
Bradesco visa setor que representa US$ 200 bilhões em Portugal
O olhar para o mercado português é uma estratégia necessária para que os bancos não só acompanhem seus clientes, mas também se posicionem no mercado europeu, aponta o diretor da área bancária da consultoria alemã Roland Berger, João Bragança.
O segmento private em Portugal representa um total de US$ 200 bilhões, segundo cálculos da Roland Berger. Esse número veio crescendo ao longo dos últimos dez anos, desde que o governo português trouxe benefícios para atrair investidores estrangeiros ao País, em troca de cidadania. Isso atraiu a alta renda de outros países – o Brasil, pela questão do idioma, liderou esse movimento. “Ter uma presença local é importante para os bancos manterem a fidelização desse cliente”, diz Bragança.
(Com informações da Agência Estado)