Após uma série de resultados trimestrais que tiveram inadimplência pior do que o esperado – e consequentemente um bottom line abaixo das projeções do consenso – o mercado ainda reserva expectativas cautelosas para o Bradesco (BBDC4), e uma fatia dos analistas segue otimista com uma eventual reestruturação do banco após a troca do CEO e outros executivos.
Os investidores também estão animados: nesta terça (6), as ações do Bradesco dispararam 6,21%, segunda maior alta do Ibovespa. A Cielo (CIEL3) subiu hoje 3,98%, com o fechamento de capital da empresa decidido pelos controladores: Bradesco e Banco do Brasil (BBAS3).
O BTG Pactual destaca, em relatório, que a oferta unificada do Bradesco com o Banco do Brasil para tirar a Cielo da Bolsa “faz muito sentido para os bancos controladores, especialmente Bradesco, que passa por uma grande transformação” – em que deve focar mais fortemente no segmento de pequenas e médias empresas, reporta a jornalista Caroline Aragaki, do Broadcast.
A projeção do consenso Bloomberg é de que o lucro do Bradesco no quarto trimestre de 2023 (4T23) fique em R$ 4,79 bilhões, antes os R$ 4,621 bilhões do 3T23. Individualmente, analistas de grandes casas não destoam muito dessa estimativa.
A XP – que tem recomendação neutra para BBDC4 – espera um lucro de R$ 4,84 bilhões para o Bradesco no 4T23, além de uma margem financeira bruta de R$ 16,5 bilhões e uma receita líquida com serviços de R$ 9,66 bilhões.
Além disso, a expectativa da casa é de 12,2% de Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês).
“Esperamos uma queda de -2,9% n a base anual na carteira de crédito do banco neste trimestre, uma vez que as concessões de crédito permanecem conservadoras a fim de controlar a inadimplência. Esperamos que o Bradesco apresente um decréscimo de -1,0% na receita líquida de juros neste trimestre, uma vez que spreads mais apertados e um menor NII com o mercado continuam a impactar negativamente esta linha de receita”, diz a casa.
“Esperamos uma diminuição marginal da sua inadimplência no 4T23 uma vez que as novas safras continuam a ter um melhor desempenho do que as anteriores e o banco começa a recuperar o controle sobre a inadimplência. Isso deve levar o banco a reportar um índice de cobertura próximo a 152%”, completa.
Já a Genial Investimentos mantém uma estimativa semelhante à do consenso – de R$ 4,7 bilhões de lucro – mas tem uma tese mais otimista para o banco.
Os analistas têm recomendação de compra para as ações do Bradesco, com preço-alvo de R$ 20,30, e estão mais confiantes com o plano de reestruturação do banco.
“Sob o novo comando do recém-empossado CEO, Marcelo Noronha, esperamos que o banco mude gradualmente ao longo dos próximos 2-3 anos para fazer frente as mudanças de um mundo mais tecnológico, ágil e menos presencial. O banco pretende voltar a crescer no segmento baixa renda, mas para isso terá que diminuir muito o custo de servir, o custo de aquisição e melhorar a inadimplência do segmento”, diz a casa.
As projeções da Genial são de R$ 4,707 bilhões de lucro líquido recorrente, com receita líquida de juros em R$ 16,3 bilhões e um ROE de 11,6%.
Além disso, os especialistas esperam uma estabilidade na carteira de crédito do Bradesco ante igual etapa do ano anterior, a R$ 656 bilhões.
BTG prefere Itaú e BB do que Bradesco e Santander
Os analistas do BTG Pactual seguem cautelosos com o Bradesco, citando maior ‘seletividade’ com os players do setor bancário no contexto atual.
A casa espera mudanças no banco após a troca de CEO do Bradesco, contudo não o suficiente para mudar sua perspectiva – com recomendação neutra.
“Sob o novo comando do CEO recém-empossado, Marcelo Noronha, esperamos que o banco mude gradualmente ao longo dos próximos 2-3 anos para fazer frente às mudanças de um mundo mais tecnológico, ágil e menos presencial. O banco pretende voltar a crescer nos segmentos de baixa renda, mas para isso terá que diminuir muito o custo de servir, o custo de aquisição e melhorar a inadimplência do segmento”, diz a casa.
Desempenho de BBDC4
Cotação BBDC4