O Banco Central divulgou os dados de crédito de janeiro, sinalizando uma desaceleração no crescimento do crédito em comparação com o ano anterior, após um aumento de 7,6% ao ano. Segundo a Genial Investimentos, esse cenário de desaceleração reflete uma inadimplência ainda elevada. No entanto, com os cortes da Selic, a expectativa é de um novo aceleramento no crescimento. Neste contexto, o Safra tem o Itaú (ITUB4) como preferido no setor bancário.
“Acreditamos que com a queda da inadimplência e o ciclo de redução da taxa de juros, o crescimento de crédito deve voltar a acelerar, de forma gradual por conta de um cenário econômico ainda desafiador”, explica a Genial.
As estimativas da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) apontam para uma expansão de 8,4% ao ano na carteira de crédito para 2024 com a redução da Selic.
Em dezembro de 2023, o saldo total de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 5,8 trilhões, com uma queda de -0,3% em relação ao mês anterior e uma expansão de +7,6% na comparação anual.
Além disso, em janeiro, as instituições financeiras privadas perderam market share na comparação mensal (-0,3pp) e anual (-0,3pp), chegando a 42,4% de participação de mercado.
“As instituições financeiras públicas ganharam participação de mercado no mês (+0,3pp m/m) e no ano (+0,9 pp a/a), alcançando 35% de market share”, mostra a Genial.
A Genial recomenda compra para o Itaú, Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), com preços-alvo de R$ 40,60, R$ 20, R$ 64,90, respectivamente. Para o Santander (SANB11), a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 31,80.
Inadimplência: empresas puxam alta no mês, aponta Genial
Em janeiro de 2024, a inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (SFN) teve um leve aumento de 0,1pp em relação ao mês anterior e 0,1pp na comparação anual, alcançando 3,27%.
A inadimplência no segmento de empresas atingiu 2,4%, com um aumento de 0,1pp em relação ao mês anterior e 0,7pp na comparação anual. Já no segmento de pessoa física, a inadimplência manteve-se estável em relação ao mês anterior e teve uma leve queda de -0,3pp na comparação anual, ficando em 3,5%.
No crédito livre, a inadimplência aumentou 0,1pp em relação ao mês anterior, atingindo 4,6%. No segmento de crédito livre para empresas, a inadimplência alcançou 3,4%, com um aumento de 0,2pp em relação ao mês anterior e 1,2pp na comparação anual. Já no segmento de pessoas físicas, a inadimplência ficou em 5,5%, mantendo-se estável em relação ao mês anterior e com uma queda de -0,6pp na comparação anual.
A inadimplência para pessoa física no cartão de crédito com recursos livres ficou em 7,27%, com uma queda de -0,14pp em relação ao mês anterior e -0,95pp na comparação anual, incluindo a modalidade do parcelado sem juros. No entanto, a inadimplência no cartão de crédito rotativo teve um leve aumento na comparação mensal (+0,03pp), alcançando 53,9%, um patamar ainda elevado. Já a inadimplência no cartão de crédito parcelado mostrou uma redução de -0,33pp em relação ao mês anterior e um aumento de 1,18pp na comparação anual, chegando a 9,7%.
“Existe a expectativa de um aumento sequencial de inadimplência no cartão nos próximos meses, influenciado pelo efeito sazonal de compras de final de ano e possíveis atrasos nos meses subsequentes”, dizem os analistas.
A taxa média de juros das novas concessões de crédito atingiu 28,1% ao ano, com uma redução de -0,2pp em relação ao mês anterior e -3,1pp na comparação anual.
O spread bancário, diferença entre a taxa de captação dos bancos e a taxa cobrada nos empréstimos, chegou a 19,4% ao ano, com uma redução de -0,3pp em relação ao mês anterior e -1,0pp na comparação anual.
No segmento de pessoas físicas, o spread bancário teve uma redução de -0,9pp em relação ao mês anterior e -1,7pp na comparação anual, ficando em 24,2% ao ano. Já no segmento de empresas, o spread bancário apresentou aumento de 1,0pp em relação ao mês anterior e redução de -0,5pp na comparação anual, chegando a 9,7% ao ano.
Dividendos e momento positivo: Safra elege Itaú como preferido
Segundo o Safra, os dados de crédito de janeiro divulgados pelo Banco Central foram ligeiramente negativos, com volumes de crédito estáveis (impactados pela sazonalidade no início do ano) e taxas de inadimplência deteriorando marginalmente, enquanto os spreads continuaram sob pressão.
No entanto, os analistas do Safra permanecem otimistas em relação aos bancos, considerando a expectativa de maior lucratividade em 2024 nas operações de varejo, à medida que os empréstimos ruins, especialmente da safra de 2022, estão sendo baixados.
“Também destacamos que os dados para a relação de endividamento continuaram a melhorar sequencialmente até dezembro de 2023. No setor, ainda preferimos o Itaú (ITUB4), com base em seu momento positivo de lucros e maior distribuição de dividendos (rendimento de 8,7% para 2024), e o Bradesco (BBDC4), principalmente em termos de valuation, embora a B3 (B3SA3) seja nossa principal escolha em financeiras”, diz o Safra.
Em janeiro de 2024, o endividamento das famílias permaneceu em níveis altos, atingindo 48%, porém vem apresentando uma tendência de queda, com reduções de -0,2pp em relação ao mês anterior e -1,0pp na comparação anual. O comprometimento de renda também se manteve elevado, em 26%, mas demonstra sinais de melhora, com reduções de -0,5pp em relação ao mês anterior e -1,2pp na comparação anual.
Lucro do Itaú sobe 22,6%
O lucro líquido gerencial do Itaú Unibanco (ITUB4), que exclui ganhos ou perdas com itens extraordinários, cresceu 22,6% no quarto trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 9,401 bilhões
No ano passado, o lucro recorrente do Itaú somou R$ 35,61 bilhões, uma elevação de 15,7% ante 2022. No resultado do Itaú no 4T23, o banco explicou que o número de 2023 foi impactado pelo crescimento da carteira de crédito do período, além das maiores margens na gestão de passivos e redefinição dos preços no capital de giro, que levou ao aumento nas margens com clientes.
A variação anual é explicada pelo crescimento da carteira de crédito do Itaú e pelas maiores margens na gestão de passivos. O banco afirma ainda que a redefinição dos preços no capital de giro próprio levou a um aumento nas margens com clientes. Em outro ponto, as receitas com serviços aumentaram, puxadas em especial pelo segmento de cartões.
No trimestre, a carteira de crédito do Itaú teve alta de 3,1% em relação ao mesmo período de 2022, atingindo R$ 1,17 trilhão. Na comparação anual, a alta é de 3,1%, com destaque para o segmento de crédito pessoal, que cresceu 13,7% em 2023, impactando fortemente o resultado do ano passado.
Adicionalmente, no balanço do quarto trimestre de 2022, o Itaú separou R$ 1,3 bilhão para cobrir a exposição que possuía a empréstimos da Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial em janeiro de 2023. Este efeito reduz a base de comparação.
Maior banco da América Latina, o Itaú tinha em dezembro R$ 2,696 trilhões em ativos, alta 9,2% em um ano. O patrimônio líquido era de R$ 180,788 bilhões, número 12,3% maior que um ano antes, e o retorno anualizado sobre o patrimônio líquido (o ROE do Itaú Unibanco) subiu 1,09 ponto porcentual no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2022, para 21,2%. O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,8% da carteira de crédito total, queda de 0,2 pp em relação a um ano antes.
As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) encolheram 6,2% no quarto trimestre na base anual e totalizaram R$ 9,29 bilhões. Em 2023, a PDD somou R$ 33,12 bilhões, uma alta de 12,5% na base anual.
“Em 2023, colhemos os resultados da nossa transformação cultural e digital”, diz em nota o presidente do Itaú, Milton Maluhy. Segundo ele, o banco manteve patamares sustentáveis de crescimento. “Entramos em 2024 otimistas e empenhados para entregar ainda mais valor aos nossos clientes, acionistas e colaboradores, tirando proveito de todas as mudanças que fizemos na organização para que os nossos clientes estejam no centro de todas as nossas decisões.”
O diretor Financeiro do banco, Alexsandro Broedel, disse que os números do Itaú apontam um ano de 2023 de resultados sólidos e consistentes, inclusive na rentabilidade. Ele destacou ainda a remuneração que o Itaú dará aos acionistas. “Destaque também para o pagamento de R$ 11,0 bilhões em dividendos adicionais aos nossos acionistas que, somados aos Juros sobre Capital Próprio (JCP) já declarados, resultaram em um payout de 60,3% no ano.”