Bradesco (BBDC4) quer enxugar despesas em 2021 com transformação digital
O Bradesco (BBDC4) apresentou, na noite da última quarta-feira (3), seus números referentes ao quarto trimestre do ano passado. Além do lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões, chamou atenção o Índice de Eficiência Operacional acumulado de 12 meses, que atingiu 46,3%, o melhor dos últimos 10 anos. O guidance para 2021 entrega: o banco quer continuar enxugando despesas.
De acordo com as projeções apresentadas à imprensa na manhã desta quinta-feira (4), o Bradesco prevê a redução de 1% a 5% de despesas operacionais em 2021. Segundo o CEO Octavio de Lazari, a transformação digital do banco pode fazer com que a meta seja batida.
O banco destacou que a base total de usuários mobile aumentou em 3,8 milhões em 12 meses, isso fez com que as transações por meio dos aplicativos fossem elevadas em 22%. O enfoque digital da instituição, em 2021, continuará sendo na Ágora, Next e Bitz.
Em 2020, 1.083 agências físicas foram fechadas, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. Para este ano, a meta é transformar 300 agências em unidades de negócios, mais otimizadas e com menos pessoal, chegando a regiões do Norte e Centro-Oeste.
Esse processo já pôde ser observado em 2020 — em 2019, foram realizadas 235,8 milhões de transações de caixa, ao passo que no ano seguinte foram feitas 90,8 milhões, queda de 62%. Isso colaborou com que mais de 7 mil funcionários tenham sido desligados no ano passado.
Isso ocorre porque o backoffice das unidades deixa de existir, otimizando os processos. No que se refere ao fechamento propriamente dito das agências em 2021, Lazari afirmou que ainda não há um número fechado, mas estudos preliminares dizem que cerca de 100 unidades podem ter suas portas fechadas.
O executivo disse que a decisão por fechar as agências depende da recuperação econômica do País. No entanto, as unidades que ficam muito próximas umas das outras, como no centro financeiro de São Paulo, exemplo dado por ele, estão no alvo da insituição.
Bradesco tem boas expectativas para 2021 — no macro e em PDD
O CEO do banco disse na teleconferência com jornalistas, a qual o SUNO Notícias esteve presente, que, em termos macroeconômicos para o Brasil, é de se esperar que o Produto Interno Bruto (PIB) avance em 3,6%, retomando a tendência de crescimento do pré-pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
No entanto, para que as projeções se confirmem, é necessário que as Casas legislativas, agora lideradas por Arthur Lira, na Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco, no Senado, voltem a olhar para as reformas, “principalmente a administrativa”, para que o Brasil volte à rota de desenvolvimento.
Caso o cenário se torne mais pessimista, o banco está em posição confortável de Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) expandida, segundo Lazari. A instituição encerrou 2020 com R$ 25,8 bilhões provisionados (os quais não teve de fazer uso), e espera terminar 2021 com R$ 14 bilhões a R$ 17 bilhões resguardados, de acordo com o guidance.
Lazari enxerga IPO do Next
Segundo o CEO do banco, a abertura de capital do banco digital Next, ou a entrada de um sócio estratégico, “é natural” e pode acontecer em até dois anos.
A instituição sempre buscará alternativas para o crescimento do negócio, de acordo com o executivo. “Vimos que nossa separação com o Next foi uma decisão acertada e o trabalho é crescer ainda mais”, afirmou.
Lançado em 2017, o banco digital foi criado para fazer frente às startups financeiras. No ano passado, a operação foi segregada junto à infraestrutura de tecnologia para acelerar a disputa com as fintechs do mercado.
O banco saiu de uma base de 1,8 milhão de contas ativas, em 2019, para 3,7 milhões de contas ativas, no fim do ano passado. Vale ressaltar que, do total, 77% dos consumidores do Next não são correntistas do Bradesco.
Os resultados do Bradesco empolgaram os investidores. As ações preferenciais abriram o pregão desta quinta em alta de 4,87%, negociadas a R$ 26,47. O banco teve o maior lucro trimestral de sua história.