As ações do Bradesco (BBDC4) fecharam em queda de 2,3% nesta sexta-feira (7) no Ibovespa. Chegou a figurar na ponta negativa do índice com uma das maiores quedas do dia. O movimento veio logo após uma revisão de cenário para o banco por parte dos analistas do JPMorgan.
A queda das ações do Bradesco reverte assim a tendência de valorização vista nos últimos 30 dias, já que os papéis tiveram altas influenciadas pelas eleições.
Segundo a tese do JPMorgan, nesse movimento dos últimos dias os papéis BBDC4 descolaram do preço justo com o otimismo do mercado.
Nessa revisão, os analistas rebaixaram a recomendação para neutro, mas mantiveram o preço-alvo de R$ 22 para o fim de 2023, ante uma cotação atual de R$ 20,18.
Segundo a casa, os dados de inadimplência reportados pelo Banco Central (BC) mostram que o cenário à frente é mais desafiador para o Bradesco do que os seus pares.
“No cenário de ações do Brasil, seguimos vendo um momento mais propício a ganhos para concorrentes como o Itaú (ITUB4), ao passo que o Bradesco está exposto às classes de renda mais baixas, carregando um risco de qualidade aos seus ativos”, diz o JPMorgan.
No mesmo sentido, o Bradesco tem uma exposição maior às pequenas e médias empresas (PMEs) por meio das concessões de crédito, o que também é visto pelos analistas como um ponto negativo.
“Tendemos a ver pequenas e médias empresas como mais sensíveis aos ciclos de qualidade dos ativos”, aponta o JPMorgan, citando que o cenário desafiador do varejo deve impactar o banco.
Além disso, a interação dessa dinâmica de crédito com a receita do Bradesco é negativa, segundo os analistas.
No segundo trimestre deste ano o banco mostrou alta de 4% na receita em um comparativo com igual período do ano anterior. Enquanto isso, o JPMorgan destaca que o Itaú teve alta de 20% no indicador, ficando mais confortável em um cenário de risco de crédito.
Como riscos que devem impactar o balanço do Bradesco referente ao terceiro trimestre, a casa também aponta:
- IPCA em queda, mostrando deflação e prejudicando os investimentos do banco
- Patamares de menos ajuda com reversões de provisão
- Resultados da tesouraria demorando para se recuperar
O que esperar do balanço do Bradesco?
A projeção do JPMorgan para o resultado financeiro do banco está 9% abaixo do consenso do Bloomberg para 2023, com estimativa de R$ 28,6 bilhões de lucro líquido no acumulado do próximo ano.
Já para o Retorno sobre Patrimônio (ROE), o banco projeta 17,2%.
Atualmente, segundo dados do Status Invest, o ROE atual é de 15,5%, com R$ 24,29 bilhões de lucro somados nos balanços dos últimos 12 meses (3T21 ao 2T22).
Os dividendos do Bradesco representam 3,3% de dividend yield (DY), com pagamento de R$ 0,6622 por ação preferencial nos últimos 12 meses.
Tanto as projeções quanto os dados se referem às ações preferencias do Bradesco.