Bradesco (BBDC4): analistas ressaltam “2T23 fraco”, mas veem um ponto positivo no balanço; ações desabam no Ibovespa

O Bradesco (BBDC4) fechou o segundo trimestre de 2023 (2T23) com resultados mais fracos que o esperado, avalia o BTG Pactual. Segundo analistas, os números indicam que a recuperação do ROE (Retorno sobre Patrimônio) provavelmente será um processo muito gradual e lento. Hoje, as ações do banco despencaram no Ibovespa, ficando entre as maiores quedas da Bolsa.

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“Após sofrer um grande aumento nos empréstimos não pagos no ano passado, o Bradesco adotou uma postura mais cautelosa, reduzindo seu apetite por crescimento e focando em linhas de empréstimos mais seguras”, avalia o BTG.

De acordo com analistas, essa nova abordagem deve resultar em provisões mais baixas, com impacto significativo na receita total do Bradesco e de juros líquidos (NII). “O Lucro Antes de Impostos (EBT), um bom indicador de ‘poder de ganhos’, ficou 7% abaixo das nossas projeções e caiu 50% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 5 bilhões. A Bloomberg estima R$ 36 bilhões em EBT para 2024 (R$ 9 bilhões por trimestre), o que parece incorreto e precisará ser ajustado.”

O lucro líquido do Bradesco de R$ 4,5 bilhões, que representa uma queda de 36% em relação ao mesmo período no ano anterior, ficou ligeiramente acima da projeção do BTG. Depósitos mais baratos, como os à vista e contas de poupança, também diminuíram. Além disso, os volumes mais fracos e menor apetite por risco afetaram a receita total, dizem os analistas, com a receita líquida de juros (NII) dos clientes e as tarifas ficando aquém das expectativas.

“As projeções de crescimento de empréstimos e NII foram reduzidas, enquanto as tarifas agora devem atingir o limite inferior da faixa de 2-6%. Embora as projeções para as provisões para perdas com empréstimos tenham sido mantidas, as despesas aumentaram mais do que o esperado no segundo trimestre”, afirma o banco.

Bradesco: um dos pontos positivos foram os resultados de seguros, diz BTG

O BTG avalia que o NII de mercado e os resultados de seguro surpreenderam positivamente, enquanto outras despesas operacionais foram um pouco mais altas do que esperado.

“O destaque do segundo trimestre foi o setor de seguros, cujo resultado final superou nossas projeções em 50% e aumentou 30% em relação ao trimestre anterior e ao ano anterior, com um ROE de 25%.

O desempenho veio de todas as verticais do Bradesco, mas principalmente de previdência, tanto na subscrição quanto nos resultados financeiros.

Segundo analistas, no lado operacional o principal propulsor foi uma melhor relação de perdas, enquanto melhores condições macroeconômicas e índices financeiros impulsionaram a área de tesouraria.

Por outro lado, as despesas operacionais do Bradesco, apesar de crescerem menos do que a inflação, ficaram 2,5% acima das projeções do banco (+2% em relação ao trimestre anterior; +12% em relação ao ano anterior), em R$ 15,1 bilhões, principalmente devido a despesas de pessoal mais altas e investimentos em tecnologia.

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Crescimento nos NPL de mais de 90 dias começou a desacelerar, avalia analistas

O crescimento nos (empréstimos não pagos) NPL de mais de 90 dias começou a desacelerar no 2º trimestre, aponta o BTG. “A proporção, que encerrou o 1º trimestre em 5,1%, foi para 5,5% em abril, chegou a 5,8% em maio e encerrou o 2º trimestre em 5,9% (+80 pontos-base em relação ao trimestre anterior).”

No nicho de pequenas e médias empresas (PMEs), os NPL de mais de 90 dias subiram para 7% em relação ao trimestre anterior. Os NPLs no segmento de clientes de varejo encerraram o 2º trimestre em 6,7% em relação ao trimestre anterior.

Por outro lado, os NPLs em estágio inicial caíram 20 pontos-base, para 4,4%, com quedas em todos os segmentos, refletindo a qualidade das novas origens produzidas por uma política de empréstimos mais restritiva.

BTG mantém recomendação neutra

Com a avaliação de que a recuperação do ROE será um processo lento, o Bradesco mantém recomendação neutra para os papéis do Bradesco, com preço-alvo em R$ 18.

“Os resultados de tesouraria e os NPLs se normalizarão, mas os NII e as tarifas provavelmente estarão sob pressão, e uma vez que o EBT melhore, a taxa de imposto aumenta, diluindo o crescimento do lucro por ação (EPS)”, projeta o BTG.

Lucro do Bradesco tem queda anual de 35,8%

O Bradesco fechou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 4,518 bilhões.Esse resultado é 35,8% menor que o do mesmo período do ano passado e 5,6% acima do registrado no primeiro trimestre deste ano.

No primeiro semestre de 2023, o lucro recorrente do Bradesco foi de R$ 8,798 bilhões, 36,1% menor que o do mesmo intervalo do ano passado. Entre os dois períodos, o Bradesco disse que observou um crescimento da inadimplência e das provisões, o que reduziu o resultado.

Com mais de 100 milhões de clientes, de acordo com os dados mais recentes do Banco Central, o Bradesco tem maior exposição que outros grandes bancos privados à baixa renda, que tem sofrido mais com o aumento dos juros e com a inflação. Com o aumento da inadimplência, o banco redirecionou esforços para empréstimos de menor risco a partir do segundo semestre do ano passado.

“Reposicionamos nossa política de concessão de crédito para modalidades de menor risco, o que já vem trazendo uma melhora significativa na inadimplência das novas safras para patamares inferiores aos observados atualmente, com 95% das novas operações classificadas no rating AA-C de maior qualidade”, afirma o banco no informe de resultados.

A carteira de crédito do Bradesco encerrou o trimestre em R$ 868,687 bilhões, alta de 1,6% em um ano, mas uma baixa de 1,2% em relação ao trimestre encerrado em março. Foi puxada por operações destinadas a pessoas físicas, que subiram 5,7%, enquanto os empréstimos a empresas caíram 1,2%, ambos no comparativo anual.

Como resultado do crescimento mais tímido e das concessões mais conservadoras, a margem do banco com clientes, que reflete o ganho em operações de crédito do Bradesco, por exemplo, teve baixa de 1,7% no comparativo anual, para R$ 16,652 bilhões, e de 1,8% em um trimestre.

Cotação

Na tarde desta sexta-feira (04), as ações do Bradesco caíram 6,65%, cotadas em R$ 15,45, liderando entre as maiores perdas do Ibovespa.

Cotação BBDC4

Gráfico gerado em: 04/08/2023
1 Ano

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Vinícius Alves

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