Analistas do Citi afirmaram que o Bradesco (BBDC4), o BTG Pactual (BPAC11) e o Santander (SANB11) estão entre os bancos com maior exposição à crise desencadeada pela Americanas (AMER3), que revelou um rombo bilionário em seus balanços contábeis na semana anterior.
Em termos nominais, o Bradesco foi o banco que mais emprestou dinheiro à Americanas, com R$ 4,7 bilhões. Enquanto isso, o Santander e o BTG emprestaram R$ 3,7 bilhões e R$ 1,9 bilhões, respectivamente.
O banco com maior impacto no lucro líquido em função do provisionamento deve ser o Santander. A casa estima que o caso da Americanas deve afetar o resultado do banco em um percentual de 3,3% a 5,6%.
O Bradesco, por sua vez, deverá ser impactado de 2,9% a 4,9% ao passo que o BTG deve ser afetado entre 3,3% e 5,6%.
Isso se dá pelo fato de que a exposição do Bradesco, proporcionalmente, é menor, já que o banco tem 0,5% da sua carteira de crédito vinculada à Americanas.
Segundo o Citi, o BTG e o Santander possuem 1,6% e 0,6%, respectivamente – ou seja, dentre os três o BTG Pactual é o banco que possui a maior exposição, apesar de ter empréstimos nominalmente menores e um impacto no provisionamento menor do que o do Santander.
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A exposição proporcionalmente maior do banco de André Esteves faz com que ele seja o mais ferrenho em acertar contas com a varejista na Justiça, conforme reportado pelo Suno Notícias.
A expectativa dos analistas é de que a Americanas faça um acordo com seus credores em até 30 dias, “apesar da relação tensa “.
A casa considera esse caminho uma hipótese mais provável do que a de uma declaração de falência.
Vale lembrar que ainda na semana anterior especialistas da XP Investimentos destacaram que a Recuperação Judicial deve ser o caminho mais provável para a empresa.
Isso considerando que a companhia precisaria de uma injeção de capital de até R$ 21 bilhões em um follow-on para contornar a situação atual, segundo as projeções da XP.
Contudo, essa injeção de capital ficaria sujeita ao nível de endividamento da companhia e da margem de lucro apresentadas.
Americanas foi caso isolado
Com o rombo na Americanas, ações de concorrentes como Magalu (MLGU3) e Via (VIIA3) caíram na bolsa logo após a notícia, mas apresentaram recuperação logo em seguida.
A percepção do Citi é justamente de que o segmento de varejo como um todo não é afetado pelo caso.
“Reiteramos nossa perspectiva de que o caso da Americanas é mais um caso isolado do que uma tendência entre as empresas do setor, tendo assim um impacto limitado sobre o setor bancário”, diz o Citi.
Desempenho das ações do Bradesco, BTG e Santander
Sendo o banco mais exposto, o BTG Pactual soma uma queda de mais de 6% desde o pregão do dia 11 de janeiro. Até o fechamento da segunda (16), antes das novidades sobre a judicialização do caso, os papéis haviam caído 10%.
Já as ações do Santander e do Bradesco caem 5,3% e 3,1%, respectivamente, desde o pregão do dia 11 de janeiro.