Bradesco (BBDC4): XP reduz preço-alvo após projetar pressão nos próximos resultados

Com base nos resultados recentes e nas previsões macroeconômicas, a XP Investimentos aponta, em relatório nesta terça-feira (28), que o Bradesco (BBDC4) enfrenta um período de reestruturação que, segundo os especialistas, será longo e desafiador.

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Por causa desse cenário, os analistas ajustaram o preço-alvo das ações do Bradesco para R$1 6 até o fim deste ano, uma redução em relação aos R$ 19 anteriores (ante os R$ 12,92 do fechamento desta terça, 28). A recomendação permanece neutra, refletindo a visão de que, apesar das dificuldades, o banco tem potencial de valorização, embora modesto.

Atualmente, o Bradesco está sendo negociado a 6,8 vezes o preço sobre lucro (P/E) e 0,8 vezes o preço sobre valor patrimonial (P/B) para este ano. Os analistas da XP não consideram esse ponto de entrada atraente, dadas as dificuldades esperadas. A capitalização de mercado do Bradesco, cerca de R$140 bilhões, é significativamente menor do que as máximas históricas e está atrás de concorrentes como Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34).

Os estrategistas também projetam que o Banco enfrentará pressão significativa sobre os resultados do Bradesco em 2024 e 2025, à medida que passa pela reestruturação necessária. Apesar dos desafios, há uma expectativa de que, após esse período, a instituição estará melhor preparada para competir tanto com os bancos tradicionais quanto com as fintechs já estabelecidas.

A XP analisa ainda que o Bradesco tem reduzido seu apetite ao risco para mitigar os efeitos dos altos níveis de inadimplência (NPLs), desacelerando o crescimento da carteira de crédito e focando em linhas mais seguras. Esse movimento, segundo os analistas, resultou em uma desaceleração do NII (receita líquida de juros). Eles acreditam que o banco enfrentará o desafio de recuperar a participação de mercado nas linhas mais rentáveis para aumentar o lucro líquido do Bradesco no futuro.

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Mudança de liderança pode transformar instituição, mas competitividade ainda é desafio

O Bradesco passou por uma mudança na sua liderança, com Marcelo Noronha assumindo o cargo de CEO, substituindo Octavio Lazzari. Os analistas veem essa mudança como essencial para a transformação necessária do banco. No entanto, os primeiros trimestres sob a nova gestão indicam que o processo de turnaround será demorado.

A expectativa é de que o Bradesco consiga um Retorno sobre Patrimônio (ROE) acima do custo de capital próprio apenas em 2026. “Embora ainda seja cedo, os dois primeiros trimestres do Bradesco sob a nova gestão já mostraram que o processo de turnaround será extenso e demorado”, comentam.

Mas o Bradesco enfrenta outro desafio: o setor financeiro passou por mudanças estruturais, incluindo a redução da importância das agências físicas. Embora o Bradesco possua uma das maiores redes de atendimento, essa vantagem está diminuindo.

Para competir com bancos que já avançaram na transformação digital e com fintechs que operam com estruturas físicas menores, segundo a XP, o Bradesco precisará implementar mudanças radicais. Os analistas acreditam que o novo CEO está comprometido com essa transformação, mas a eficácia dessa implementação será fundamental para o desempenho do Bradesco.

Bradesco lucrou R$ 4,21 bilhões no 1º trimestre, queda de 1,6%

O Bradesco fechou o primeiro trimestre de 2024 (1T24) com um lucro líquido recorrente de R$ 4,211 bilhões, o que representa uma queda de 1,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, mas um aumento expressivo de 46,3% em relação ao quarto trimestre de 2023.

Segundo o banco, essa melhora trimestral se deve à redução das despesas com provisões para inadimplência e aos bons resultados da Bradesco Seguros. Entretanto, a margem financeira ainda pressionada limitou uma recuperação mais robusta. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 10,2%, uma queda de 0,4 ponto percentual em relação ao ano passado, mas um aumento de 3,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.

A margem financeira do Bradesco registrou uma queda de 9% no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023, totalizando R$ 15,152 bilhões. Em relação ao trimestre anterior, a redução foi de 6,1%.

Essa queda foi influenciada principalmente pela margem com clientes, que reflete os ganhos em operações de crédito, apresentando uma diminuição de 14,4% em um ano, para R$ 14,522 bilhões, e de 5,9% em um trimestre. Por outro lado, a tesouraria do Bradesco mostrou um resultado positivo de R$ 630 milhões, revertendo uma perda de R$ 312 milhões no primeiro trimestre de 2023.

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Murilo Melo

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