Bradesco aprova venda de seus créditos da Abril
O Bradesco aprovou na última terça-feira (19) a venda dos créditos contra a Editora Abril. Os créditos serão vendidos para a Enforce, controlada do banco BTG Pactual. Essa operação permitirá que o empresário Fábio Carvalho assuma o controle da editora. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (20) pelo Brazil Journal.
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O Bradesco aprovou a cessão dos créditos com um desconto (haircut) de 92%. O banco era o único que ainda não havia concordado com a venda da dívida da Abril.
Carvalho tinha comprado a editora no dia 20 de dezembro dos irmãos Civita, Giancarlo, Victor e Roberta. O empresário pagou um valor simbólico de R$ 100 mil, assumindo uma dívida de R$ 1,6 bilhão com bancos, fornecedores e funcionários. Somente com os bancos a dívida somava R$ 1,1 bilhão, e as instituições financeiras detinhas as marcas VEJA, EXAME e o prédio da Abril na Marginal Tietê como garantia de seus créditos. A Abril está em recuperação judicial desde o dia 15 de agosto de 2018.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) tinha aprovado a venda da Abril no dia 8 de janeiro. Entretanto, a operação precisava da aprovação dos bancos credores: Itaú, Santander e Bradesco. Os primeiros dois, que controlavam 40% da dívida, já tinham aprovado a venda. Mas faltava ainda o Bradesco.
Com o sinal verde do banco, Fábio Carvalho já poderá assumir o pleno controle da editora. Essa operação deverá terminar já na próxima semana ou após o Carnaval, dependendo do tempo necessário para os trâmites burocráticos.
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Dessa forma, depois a conclusão do processo de recuperação judicial, Carvalho terá uma editora com um nível de dívidas muito menor. A dívida será de R$ 250 milhões, mas a geração de caixa continuará negativa. Isso porque mesmo se a Abril deveria ter faturado cerca de R$ 1,3 bilhão em 2018, a empresa teve um lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês), negativo de R$ 200 milhões.
Ainda assim, o destino da Abril ainda não está definido. Isso porque o plano de recuperação de Carvalho será votado durante a assembleia dos credores convocada para o dia 19 de março. Além das dívidas bancárias, a maior editora de revistas da América Latina tem R$ 90 milhões de dívidas trabalhistas com ex-funcionários.
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Enforce superou outras propostas
A negociação com os bancos foi levada adiante por três grupos:
- Enforce, braço de recuperação de ativos do BTG
- Guilder Capital, em conjunto com um grupo de empresários
- Jive Asset Management, especialistas em empresas em crise
A proposta da Enforce, aceita pelos bancos, previa o pagamento de apenas 8% das dívidas. Entretanto, não inclui participação na venda posterior de ativos. A proposta da Enforce prevê que Fábio Carvalho administraria a Abril e o BTG utilizaria a base de clientes da revista “Exame”. O objetivo do banco é lançar uma plataforma de notícias financeiras partido da maior revista de economia do Brasil.
Relembre o caso
A Abril, fundada em 1950 pelo italiano Victor Civita em São Paulo, chegou a ser a maior editora da América Latina. A empresa pertenceu a família Civita por 68 anos.
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Entretanto, nos últimos anos a Abril entrou em uma crise econômica profunda. A empresa foi então comprada pela Cavalry Investimentos, do empresário Fábio Carvalho, dono da redes de lojas Casa & Vídeo e Leader.
Carvalho assumirá o controle societário e ocupará a posição de presidente-executivo da editora. O advogado é especializado na aquisição de companhias em crise financeira, como a Abril. Ele as reestrutura e as leva novamente ao crescimento. Carvalho adquiriu esse conhecimento durante os anos em que trabalhou na Alvarez & Marsal.
Entre os investimentos de Carvalho estão participações em empresas em variados setores. No total, seu grupo conta com um faturamento anual superior a R$ 4 bilhões, empregando mais de 46 mil pessoas. Para a adquisição e administração do grupo Abril, o advogado contará com a estrutura da Legion Holdings, sociedade de investimentos que fundou. A empresa é formada por um time de especialistas em renegociações de dívidas e transformações operacionais.