A BR Properties (BRPR3) vendeu 80% de seu portfólio para o grupo Brookfield, fundo canadense, por valor aproximado de R$ 6 bilhões, de acordo com fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quarta-feira (18).
A Brookfield comprou, no total, 11 torres comerciais da BR Properties, sendo sete em São Paulo (incluindo a Torre B do JK Iguatemi), três no Rio de Janeiro e uma em Brasília.
Conforme a nota divulgada pela companhia, o pagamento da operação será feito da seguinte forma:
- 70% na data do fechamento da aquisição de cada imóvel;
- 30% em 12 meses após a data do fechamento.
Os 30% remanescentes serão corrigidos pelo IPCA entre o fechamento da transação e 31 de dezembro de 2022, assim como pelo CDI a partir de 1º de janeiro de 2023 até a data do pagamento. Além disso, será garantido por fiança bancária.
A BR Properties afirma que a operação reforça o sucesso da estratégia realizada pela companhia nos últimos anos, com determinados objetivos, como:
- Reciclar seu portfólio;
- Rentabilizar o investimento de maneira atrativa;
- Manter continuamente o processo de otimização de sua estrutura de capital, reduzindo sua alavancagem; e
- Permitir a adoção de uma postura conservadora no que tange à liquidez da empresa, “equilibrando sua estrutura de capital com o momento macroeconômico do país”.
Foi destacado em nota, ainda, que o encerramento do negócio será feito após a liquidação de determinadas dívidas em relação aos imóveis, assim como a aprovação pela Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da BR Properties e a aprovação do Cade.
Possíveis motivos para a venda dos ativos da BR Properties
O jornal Brazil Journal, que recebeu as informações com exclusividade, diz que a transação entre as companhias vem após a ADIA (fundo soberano de Abu Dhabi), dono até então da maior parte do capital investido pela BR Properties, indicar que está “desistindo” do ativo.
Na semana passada, o fundo desfez um time de equities focado na América Latina e zerou suas posições acionárias em cerca de 30 companhias listadas na Bolsa de Valores.
O jornal aponta que a transação entre as empresas ocorre num momento em que o papel da BR Properties está sendo negociada com desconto de 30% sobre o net asset value. Aproximadamente um mês atrás, era ainda maior: 50%.
Por conta disso, as ações estão similares a preços de 2017, o que pode ter levado a ADIA a tentar gerar mais valor em seu ativo, considerando até a fechar o capital da empresa, mas seria necessário aplicar ainda mais dinheiro. Outras ideias foram colocadas à mesa, porém nenhuma foi para frente.
Um dos medos do fundo era que players de menor porte fossem às compras nos ativos da BR Properties, o que poderia gerar infinitas negociações, assim como um problema em relação a imóveis “mais populares” com mais ofertas que o restante.
A BR Properties continuará com duas torres e cinco galpões logísticos no portfólio. A ação da empresa fechou o pregão desta quarta com alta de 5,65%, cotada a R$ 9,72.