Petrobras (PETR4): Bolsonaro quer redução na distribuição de dividendos da empresa
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), sugeriu nesta segunda (16) que o governo pretende modificar a política de distribuição de dividendos da Petrobras (PETR4), reduzindo o percentual que os acionistas recebem com os lucros da empresa.
Bolsonaro voltou a criticar a companhia por seus lucros e sua política de preços em contexto de crise. “Com toda certeza vamos entrar na Petrobras nessas questões também. Não é possível a petrolífera dar 30% de lucro enquanto as outras dão no máximo 15%, para atender interesses não sei de quem”, disse ele aos simpatizantes no cercadinho no Palácio do Alvorada.
O presidente disse que a empresa tem “lucro excessivo“. Na avaliação do chefe do Executivo, “todo mundo tem que colaborar” e a Petrobras precisa exercer sua função social. “Todo mundo tem que colaborar, não é ganhar mais dinheiro na crise. É o que infelizmente alguns setores fazem, como a própria Petrobras. ‘Ah tem o estatuto’. Estatuto está acima da lei, não está acima da Constituição. Então, tem o fim social da empresa. O que está em jogo é o futuro do Brasil”, declarou.
“As petrolíferas do mundo todo tiveram de diminuir sua margem de lucro, exceto a Petrobras Futebol Clube, essa aí está preocupada em ser campeã do mundo”, disse o presidente em evento com empresários em São Paulo. “Nada contra empresa ter lucro, tem de ter lucro, se não tiver, não existe mercado livre, democracia”, acrescentou.
Na semana retrasada, Bolsonaro disse que o lucro da Petrobras era um “estupro” contra a população brasileira e cobrou a estatal a não reajustar o preço dos combustíveis, o que aconteceu na semana seguinte. Depois disso, ele demitiu Bento Albuquerque do ministério de Minas e Energia e deu o cargo a Adolfo Sachsida.
No último dia 5, a Petrobras (PETR4) anunciou lucro líquido de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), equivalente a uma alta de 3.718% frente ao R$ 1,16 bilhão registrados entre janeiro e março de 2021.
A estatal anunciou também em 5 de maio que o Conselho de Administração aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 3,715490 por ação preferencial e ordinária em circulação. A Petrobras explicou, naquele dia, que a proposta de rendimentos está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas. Ela prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Petrobras poderá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos).
Bolsonaro disse esperar também redução no ICMS incidente sobre combustíveis nos Estados após o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), atender ao pedido do governo e suspender a forma de cobrança do imposto pelos governadores.
Bolsonaro sugere mais uma vez mudanças no comando da Petrobras
O presidente da República voltou a acenar nesta segunda-feira para a possibilidade de mais mudanças na Petrobras. “Tem mais coisa pra acontecer na questão da Petrobras. Já sabem o que está acontecendo. Não vou entrar em detalhes, está (sic) sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativa”, declarou o chefe do Executivo a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. ‘Tem mais coisa pra acontecer na questão da Petrobras’, diz Bolsonaro
As declarações foram feitas pela manhã, em Brasília, antes da viagem do presidente a São Paulo, mas só divulgadas no período da tarde por um canal bolsonarista no YouTube – e com cortes.
Como mostrou reportagem do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, está sob fritura no governo apenas um mês depois de assumir o cargo.
Ele é ligado ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, demitido por Bolsonaro na semana passada após um novo reajuste dos combustíveis.
“Dói mandar alguém ir embora, não é fácil, mas as coisas acontecem, a gente tem de mudar”, afirmou Bolsonaro, sem citar o nome de Bento Albuquerque.
Com informações do Estadão Conteúdo