O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, nesta quinta (7), que os militares vão entrar na reforma da Previdência. Ele esteve presente na cerimônia de comemoração de 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro, e discursou por alguns minutos.
“Entraremos, sim, em uma nova Previdência, que atingirá os militares, mas não esqueceremos das especificidades de cada Força [Exército, Marinha e Aeronáutica]”, declarou Bolsonaro.
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A base aliada do governo e o próprio entorno de Jair Bolsonaro sofreram críticas nos últimos dias pela apatia na defesa da reforma da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já havia manifestado seu descontentamento com a falta de engajamento dos bolsonaristas em relação ao projeto.
“O coordenador de um grupo de Whatsapp em que me colocaram na época da campanha é um coronel bolsonarista que está há três dias sem tratar do assunto. Falei para o Marinho [Rogério Marinho, secretário da Previdência Social]: ou vocês vão dar argumentos para esse cara defender a reforma ou o risco de o tema estar contaminado em 30, 40 dias não é pequeno”, declarou. “O governo deveria dar discurso aos seus apoiadores, que estão meio silenciosos nas redes. Pessoal não está conseguindo responder aos vídeos de quando Bolsonaro era contra idade mínima aos 65 anos e agora é a favor”.
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Uma apuração do veículo jornalístico Poder360 fez uma análise do conteúdo publicado pelo presidente e mostrou nesta semana que, após dois meses de gestão, Bolsonaro pouco falou sobre a reforma da Previdência. Desde 1º de janeiro, ele postou 326 vezes em seu Twitter, entre as quais o principal projeto do governo foi citado apenas seis vezes.
No mesmo discurso feito na cerimônia no Rio, Bolsonaro afirmou que “a democracia só existe se as Forças Armadas assim o quiserem”. A frase gerou críticas da oposição e levou o vice-presidente Hamilton Mourão a amenizar seu tom. Ao chegar a seu gabinete no Palácio do Planalto, ele disse que o presidente está sendo mal interpretado.
“O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela. Lá, infelizmente, as Forças Armadas venezuelanas rasgaram isso aí. Foi isso que ele quis dizer”, afirmou.