Bolsonaro reduz de 10% para 5% o gatilho do diesel que orienta frete dos caminhoneiros
Em mais uma ação para aliviar a pressão dos caminhoneiros ao governo diante da escalada do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro editou Medida Provisória (MP) que permite a revisão da tabela do frete sempre que houver oscilação superior a 5% no preço do óleo diesel em relação ao preço de referência.
O gatilho do diesel anterior para o aumento dos valores do frete para os caminhoneiros era de 10%. A mudança vem em um momento em que a alta do preço dos combustíveis tem preocupado o comitê de campanha de Bolsonaro, devido aos riscos para reeleição.
A Medida Provisória, publicada no Diário Oficial da União (DOU), modifica a lei que instituiu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas em 2018, quando o então presidente Michel Temer precisou tomar uma série de ações para pôr fim a uma greve de caminhoneiros que parou o País.
Pela legislação anterior, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pode reajustar a tabela do frete a cada seis meses ou quando a variação do preço do diesel fosse igual ou superior a 10%. Agora, esse trecho do gatilho foi alterado para 5%.
Atenção ao preço do diesel
Na semana passada, depois que a Petrobras (PETR4) reajustou em 8,87% o preço do óleo diesel nas refinarias, a ANTT chegou a esclarecer que atualizaria o piso mínimo do frete rodoviário “caso constatada uma variação superior a 10% com relação ao preço de referência” adotado na tabela atual.
“A ANTT monitora sistematicamente a variação do preço do óleo diesel S10, a partir da pesquisa semanal realizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Caso constatada uma variação superior a 10% com relação ao preço de referência, será realizada atualização da tabela de piso mínimo”, disse a agência em resposta encaminhada ao Estadão.
Desde a semana passada, o preço médio de venda de diesel repassado das refinarias da Petrobras (PETR4) para as distribuidoras é de R$ 4,91 por litro, R$ 0,40 a mais por litro.
A atualização da tabela do frete não é feita de forma imediata, porque o reajuste da Petrobras refere-se ao preço do combustível nas refinarias, enquanto o valor adotado como referência na tabela do frete é a média dos preços praticados nas bombas dos postos de combustíveis, auferido em levantamento semanal feito pela ANP, e não os anunciados pela petroleira.
A atualização mais recente da tabela foi feita em 19 de março, com valor de referência do óleo diesel S10, de R$ 6,751 por litro. Desde lá, houve avanço de 0,05% no preço médio do combustível nas bombas, conforme o levantamento mais recente da ANP, de 6 de maio, medido em R$ 6,775 por litro.
Revisão do frete para os caminhoneiros
Em comunicado sobre a Medida Provisória enviado à imprensa nesta terça (17), o governo diz que o preço do diesel acompanha a cotação internacional do petróleo e, por isso, tem sofrido movimentos ascendentes bruscos, decorrentes da nova realidade de confronto entre a Rússia e a Ucrânia.
“Os desequilíbrios que esse conflito tem ocasionado nas conformações geopolíticas que determinam a disponibilidade e os preços do petróleo, somada à variação cambial, tem impactado o preço do óleo diesel no mercado interno, que acumula alta de 52% nos últimos 12 meses”, destaca a Secretaria-Geral da Presidência.
“Esse cenário impõe aprimoramentos à Política de Pisos Mínimos de Frete, de modo que a medida reduz para 5% a oscilação do preço do diesel que determina a revisão da tabela. Com isso, pretende-se dar sustentabilidade ao setor do transporte rodoviário de cargas, e, em especial, dos caminhoneiros autônomos, para proporcionar uma remuneração justa e compatível com os custos da atividade”, acrescenta.
Com informações de Estadão Conteúdo.