Bolsonaro escondeu bens, tinha renda inexplicada, furtou cofre e era agressivo, acusa processo de ex-mulher
Jair Bolsonaro (PSL) está mais uma vez no centro das controvérsias. A matéria de capa da revista Veja desta semana faz diversas denúncias contra o candidato baseada em um processo da ex-mulher do deputado, de mais de 500 páginas.
O documento é de 2008 e a revista aponta alguns pontos principais do seu contéudo: primeiro, o fato de que Bolsonaro teria escondido recursos da Justiça Eleitoral. O processo, que envolve disputas sobre a pensão paga ao filho, inclui uma declaração de Imposto de Renda que mostra que o atual candidato teria R$4 milhões em bens na época, muito acima dos R$400 mil que declarou ao TSE.
Os bens não declarados à Justiça Eleitoral e que fazem parte da declaração contida no processo incluem três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes que, somados, chegariam a R$ 7,8 milhões nos valores de hoje.
Ana Cristina Siqueira Valle, que hoje é candidata a deputada usando o nome Cristina Bolsonaro, também afirma no documento que o deputado teria “próspera condição financeira”, ganhando cerca de R$100 mil por mês. Seus proventos como capitão da reserva e deputado, no entanto, somavam um terço disso. Ela cita “outros proventos” como a fonte da renda adicional, sem especificá-los.
A matéria também cita a ocasião do furto de um cofre de uma agência do Banco do Brasil no centro do Rio. O cofre pertencia a Cristina e, segundo ela, foi esvaziado por Bolsonaro, que teria roubado os conteúdos somando cerca de R$1,6 milhão nos valores de hoje.
A Veja conversou com um dos gerentes do banco na época, Alberto Carraz, que diz ser amigo do candidato até hoje. Ele confirmou que ambos possuíam cofres no banco e que os conteúdos do cofre dela sumiram. Quando Bolsonaro soube que a ex-mulher registrou um boletim de ocorrência a respeito, teria dito que “resolveria a questão”.
Por fim, o texto da Veja cita os pontos em que Cristina cita a “desmedida agressividade” e “comportamento explosivo” de Bolsonaro, somando-se à reportagem da Folha de S. Paulo do início da semana que indica que ela fugiu do país após ser ameaçada de morte pelo deputado. Questionada pela Veja, Cristina negou e disse que “quando você está magoado, fala coisas que não deveria” e elogiou a dignidade e carinho do deputado. Sobre as questões financeiras, desconversou e disse não lembrar ter dito isso.
A controvérsia veio no mesmo dia em que o candidato a vice-presidente de Bolsonaro, General Mourão, atacou os direitos trabalhistas de décimo-terceiro salário e adicional de férias, abrindo-se a ataques de oponentes.