Em quatro anos no cargo de presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) teve ao menos R$ 27,6 milhões em despesas. Os gastos vieram a público na quarta-feira (11) a partir de um requerimento da agência Fiquem Sabendo à Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Entre os gastos de Bolsonaro, há despesas em hotéis de luxo e até compras pessoais de sorvetes e cosméticos.
Hospedagem e alimentação concentram pouco mais de R$ 23 milhões das despesas. O Hotel Ferraretto no Guarujá (SP), um dos favoritos do ex-presidente, recebeu R$ 1,46 milhão após estadias de Bolsonaro entre 2019 e 2022. Com alimentação, por exemplo, cerca de R$ 78 mil foram desembolsados em uma adega em Taguatinga (DF).
Despesas em panificadoras passam de R$ 10 mil. Foram realizados gastos significativos em uma das filiais da padaria carioca Santa Marta, com notas fiscais variando de R$ 880 a R$ 55 mil, com média de R$ 18 mil. Ao todo, o estabelecimento recebeu R$ 362 mil do cartão corporativo de Bolsonaro.
Bolsonaro negou utilizar cartão corporativo anteriormente
Apesar da cifra alta, Bolsonaro não é o ex-presidente que mais gastou com o cartão corporativo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consumiu o dobro em seu primeiro mandato: foram R$ 59,1 milhões entre 2003 e 2006, e mais R$ 47,9 milhões de 2007 a 2010. Entre 2011 e 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) gastou R$ 42,4 milhões.
Segundo o Decreto 5.355 de 25 de janeiro de 2005, o Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) é de uso dos “órgãos e entidades da administração pública federal integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social para pagamento das despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços”.
No entanto, Bolsonaro foi o único presidente a dizer publicamente que não utilizava o cartão corporativo. Além disso, os valores podem ultrapassar os já conhecidos, uma vez que nem todos os dados foram consolidados.
“Nunca gastei um centavo. Eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar Itubaína, mas nunca usei”, disse Bolsonaro em outubro do ano passado em entrevista à Jovem Pan.