O presidente Jair Bolsonaro declarou que o Brasil não vai ser mais porto franco para os criminosos foragidos.
O presidente Jair Bolsonaro se referiu ao terrorista italiano Cesare Battisti. O criminal, residente no Brasil por mais de uma década, foi extraditado no último domingo (13) da Bolívia para a Itália.
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“A mensagem é que o Brasil não será um território refugio de marginais, criminais disfarçados de prisioneiros políticos. Essa é minha mensagem. E estou muito feliz de poder colaborar com todos os cidadãos de bem italianos e brasileiros, para que Battisti saísse daqui e cumprisse a pena de crimes cometidos nos anos 1970″, afirmou Bolsonaro.
O presidente concedeu uma entrevista nesta terça-feira (15) ao programa TV italiano “Porta a Porta”, no canal RAI 1.
Bolsonaro disse que Battisti foi protegido pelos governos do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Segundo ele, o terrorista italiano ganhou asilo no Brasil pois esses governos eram compostos por terroristas que nos anos 1960 e 1970 cometeram atrocidades parecidas com aquelas cometidas por Battisti na Itália.
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Bolsonaro foi agradecido por toda a política italiana, seja partidos de esquerda que de direita. Ele respondeu que não é necessário agradecer, e que “o Brasil cumpriu apenas seu dever” em extraditar Cesare Battisti.
“Eu quero dizer ao premiê Giuseppe Conte que ele não deve nos agradecer. Nós também somos muito gratos a ele porque nos libertamos de um elemento que aborrecia a maioria dos cidadãos brasileiros”, afirmou Bolsonaro. O presidente declarou que “certamente” encontrará o primeiro-ministro italiano em Davos. “Será um bom momento. Minha origem é italiana, minha família é de Lucca e será um prazer conhecer Conte em Davos”, afirmou Bolsonaro.
Relembre o Caso Battisti
A Itália pediu a extradição do terrorista por conta do assassinato de quatro pessoas na década de 1970. Na época Battisti fazia parte de grupos de luta armada de extrema esquerda.
Na década seguinte, Battisti fugiu da prisão da Itália e foi para o México. Nessa época, é condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana por conta dos quatro homicídios.
Na década de 1990, Battisti recebeu proteção pelo governo francês de François Mitterrand. Entretanto, em 2004, com a chegada ao poder de Nicolás Sarkozy, a França aceitou a extradição de Battisti para a Itália.
A fuga no Brasil
Ainda em 2004, Battisti fugiu para o Brasil, onde viveu em clandestinidade com documentos falsos. No entanto, o terrorista é preso em 2007. Em 2009, o Ministério da Justiça deu ao criminoso o status de refugiado político. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou sua extradição, mas deixou nas mãos do presidente da República a decisão final. No ano seguinte, no último dia de se mandato, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu que Battisti podia permanecer no Brasil. Após isso, em 2011, o STF validou a decisão do petista e o italiano foi solto e recebeu o visto de residência permanente no Brasil.
Em setembro de 2017, a defesa do criminoso italiano entrou com habeas corpus preventivo no Supremo para que sua extradição fosse evitada. Entretanto, no início de outubro do mesmo ano, Battisti foi detido em Corumbá, em Mato Grosso do Sul, por evasão divisas. Ele estava tentando atravessar a fronteira com a Bolívia.
O então presidente Michel Temer decidiu extraditá-lo. Mas o ministro do STF, Luiz Fux, concedeu uma limiar impedindo que o Battisti fosse extraditado até que o Supremo julgasse o habeas corpus. Todavia, em novembro passado, Fux concluiu a análise do habeas corpus e encaminhou o caso para o plenário. O caso foi julgado e a prisão foi decretada. Além disso, o então presidente Temer assinou o decreto de extradição. Na base desses atos, a partir de 14 de dezembro, o italiano passou a ser procurado. Na madrugada do último domingo (13), o terrorista foi preso na Bolívia.