Bolsonaro: este ano o Brasil não terá horário de verão
O presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou nesta sexta-feira (5) que este ano o Brasil não terá o horário de verão. O mandatário também sinalizou que para o futuro a mudança nos relojos será eliminada do calendário do País.
“Tomei a decisão que neste ano não teremos horário de verão”, declarou Bolsonaro durante um café da manhã com jornalistas. O presidente encontrou a imprensa no Palácio do Planalto em mais um encontro informal para discutir sobre as atividades do governo.
[optin-monster-shortcode id=”npkxlwaleraa8psvnego”]
Análise do Ministério de Minas e Energia
Durante a semana, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, tinha informado que a pasta teria realizado nos próximos dias dois estudos sobre a questão. E que a documentação teria sido entregue ao presidente Bolsonaro.
Segundo o ministro, a decisão sobre o horário de verão levaria em conta seja os dados econômicos que outros fatores como sobrecarga e picos de consumo energéticos.
O horário de verão foi criado entre 1931 e 1932 pelo governo de Getúlio Vargas. Ele começa normalmente no terceiro domingo de outubro e termina no terceiro de fevereiro.
Saiba mais: Energia térmica para abastecer Roraima custará R$ 1,9 bi, diz ministro
Desde de 1985 ele é implementado em todo o Brasil sem interrupções, com algumas diferenças entre os estados.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 2008 o decreto 6558, que define datas específicas para a mudança de horário.
Polêmica recente
Em 2017 foi realizada uma grande discussão sobre manter ou extinguir o horário de verão. Naquela ocasião a Presidência da República recebeu um documento que mostrava como a mudança de horário não era mais justificada pela economia de energia elétrica.
Entretanto, o governo do ex-presidente Michel Temer manteve o modelo ressaltando que uma eventual mudança ainda exigiria uma avaliação mais ampla.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a solicitar a alteração na data de início do horário de verão para este ano. Isso porque a alteração do horário prejudicaria a apuração do resultado para a eleição presidencial, caso houvesse segundo turno. Por isso a mudança no horário foi realizada somente em novembro.
Saiba mais: Minas e Energia divulga calendário de leilões de energia elétrica até 2021
Outra mudança foi cogitada para não coincidir com a aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Entretanto, o governo acabou recuando e mantendo o plano original.
Mudanças de hábitos
O horário de verão foi inventado em 1784 por Benjamin Franklin. O inventor norte-americano teve essa ideia de alterar o horário para economizar sobre as velas que eram utilizadas para iluminar casas e ruas.
Entretanto, foi somente durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que esse horário foi adotado em vários países do mundo.
A adoção do horário de verão no Brasil chegou a evitar uma sobrecarga no sistema elétrico no fim da tarde. Isso porque as pessoas costumavam passar mais tempo fora de casa e os setores produtivos acabavam encerrando o expediente ou diminuíam o volume de produção.
Entretanto, o consumo de energia elétrica dos brasileiros acabou mudando ao longo dos anos. O pico de consumo mudou de horário, sendo agora localizado no meio da tarde. Entre os aparelhos que mais consomem energia está o ar-condicionado.
Além disso, o horário de verão gerava um alívio aos cofres da União. Mas essa economia vem diminuindo. Segundo Dados do Ministério de Minas e Energia e do Operador Nacional do Sistema (ONS).
Saiba mais: Cade aprova venda da distribuidora Eletrobras Amazonas Energia
Para ter uma ideia, em 2013 foram poupados R$ 405 milhões, ou 2.565 megawatts. Entretanto, em 2018 essa economia caiu para cerca de R$ 140 milhões.
Outros países que adotam o horário de verão também estão reavaliando a política. Isso por causa da ausência de consenso sobre os reais benefícios. A União Europeia realizou uma consulta pública sobre o tema em 2018, e a maioria das pessoas que participaram votaram para terminar com a mudança de horário.