Além da tensão e do acordo sobre o teto de gastos, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um novo benefício para compensar a alta do diesel, o ‘Bolsa caminhoneiro‘ – programa desenhado sem o Governo esboçar de onde viriam os recursos.
“Números serão apresentados nos próximos dias, vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel“, afirmou o presidente, em evento em Sertânia (PE).
Em entrevista a jornalistas ao lado de Paulo Guedes, Jair Bolsonaro afirmou que não vai controlar o preço do diesel: “Não existe da nossa parte o congelamento de preços [dos combustíveis]. Sabemos que as consequências são piores. Sabemos que estamos na iminência de mais um reajuste no combustível. Isso influencia diretamente a inflação e o caminhoneiro que transporta carga pelo Brasil merece ter uma atenção da nossa parte. Foi decidido um auxílio aos mesmo. Ficará menos de R$ 4 bilhões por ano, também previsto no orçamento.”
Embora Bolsonaro tenha citado o potencial de 750 mil beneficiários, a reportagem apurou que o público final ainda vai depender do número de caminhoneiros autônomos ativos no cadastro da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Esse número varia entre 700 mil e 850 mil.
O custo estimado pelo governo com o programa é de cerca de R$ 4 bilhões. O valor final ainda vai depender de negociações com o Congresso Nacional e da disponibilidade no Orçamento.
Ajuda aos caminhoneiros é mais viável do que mudança na Petrobras
A avaliação dentro do governo é de que o “auxílio diesel” é melhor do que uma alteração na política de preços da Petrobras (PETR4), o que representaria, segundo uma fonte, “intervenção” na estatal.
A ajuda não terá relação com o Auxílio Brasil, que também deve pagar R$ 400 até dezembro de 2022. Na área econômica, técnicos foram pegos de surpresa com o anúncio.
A defesa do auxílio diesel inclui o argumento de que os caminhoneiros são um elo importante da cadeia produtiva, e um peso excessivo dos combustíveis no bolso deles poderia gerar risco de desabastecimento.
No início da semana, a Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas notificou o governo e o Legislativo sobre suas reivindicações e o aviso de paralisação a partir de 1.º de novembro. O presidente da Frente, deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), disse ainda não ter sido informado oficialmente sobre o auxílio.
Crispim disse que, mesmo desconhecendo a medida, entende que os caminhoneiros não querem nenhum tipo de “auxílio esmola” e ressaltou: “Eles querem resolver a pauta que é ampla e passa pela política de preços para combustíveis da Petrobras”.
Com informações do Estadão Conteúdo