O presidente da República, Jair Bolsonaro, criticou nesta quinta-feira (18) o reajuste de preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias da Petrobras (PETR4) e prometeu zerar os tributos envolvendo o gás de cozinha, dizendo que “alguma coisa vai acontecer” na companhia.
Em sua tradicional “Live de Quinta-feira”, Bolsonaro comunicou que vai acabar ad eternum com os impostos de gás de cozinha, hoje no patamar de 3% de Pis/Pasep e Confins; e suspender por dois meses a tributação sobre o diesel, de 9% entre Pis/Pasep, Cofins e Cide. “Esta medida é para contrabalancear aumento excessivo dos combustíveis da Petrobras”, declarou o presidente.
De acordo com o jornal O Globo, após o reajuste confirmado nesta quinta-feira pela petrolífera, o preço da gasolina vai acumular uma alta anual de 34,7%. O diesel, de 27,7%.
“Se você vai pra cima da Petrobras, ela fala: opa, não é obrigação minha. Ou como disse o presidente da Petrobras outro dia: eu não tenho nada a ver com caminhoneiro, aumento o preço”, disse o presidente, em referência à Roberto Castello Branco.
Alguma coisa acontece na estatal
Mais cedo nesta quinta-feira, a petrolífera informou que sua política de preços está alinhado àquela do mercado internacional e disse ser “fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”.
De fato, na visão do Goldman Sachs, o reajuste é tido como positivo para a empresa pois reduz “significativamente” a diferença com os preços internacionais.
A análise é compartilhada pelos analistas da XP Investimentos, embora a casa avalie que “os preços dos combustíveis da companhia no nível da refinaria ainda continuam abaixo níveis necessário para viabilizar importações com margem de lucro”.
Esse foi um dos motivos pelos quais os papéis preferenciais Petrobras encerrou em baixa hoje, de 1,08%, a R$ 29,27, pressionando o Ibovespa cuja cotação caiu 0,96%, a 119.198,97 pontos.
Outro motivo pesou sobre as ações da estatal. A incerteza no que tange aos preços da Petrobras pressionam os ativos dado que “ainda não se sabe se os reajustes significativos”, ponderaram os analistas da XP,”vão gerar repercussões futuras em termos de descontentamento da população (principalmente no que diz respeito à categoria profissional dos caminhoneiros)”.
Alguma coisa ‘vai acontecer na Petrobras’
Na live desta quinta-feira, Bolsonaro criticou a medida da estatal, no entanto não deu maiores detalhes sobre o que poderia mudar na empresa.
Sobre a fala de Castello Branco, o presidente disse “vai ter uma consequência, obviamente.”
Em nota, André Perfeito, da Necton, afirmou que “o presidente flerta nesse sentido com certo populismo fiscal e faz uma ameaça direta à Petrobras que forçará os investidores para alguma cautela. Não queremos dizer com isso que o Palácio do Planalto irá fazer algo de fato, mas o episódio revela, mais uma vez, que há grande desconforto com a política de preços da estatal brasileira.”
Após registrarem queda de 0,92%, os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras aceleraram as perdas no after hours de Nova York, caindo 1,11%.