Bolsonaro acusa Moro de não ter investigado atentado em Juiz de Fora
O presidente da República Jair Bolsonaro acusou nesta sexta-feira (24) o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de não ter investigado o atendado que sofreu no dia 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora.
Segundo Bolsonaro, esse episódio, junto a outros desentendimentos – como no caso do porteiro de seu condomínio na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco ou a nomeação de Ilona Szabó no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – teriam levado a uma ruptura com o ex-juiz federal.
“Uma coisa é você admirar uma pessoa, outra é conviver com ela. Trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência tomando café com parlamentares eu lhes disse, hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio com seu ego e não com o Brasil”, declarou Bolsonaro, se referindo a Moro.
O presidente da República rejeitou as acusações feitas por Moro, durante a coletiva de imprensa realizada nessa manhã em que apresentou suas demissões do cargo de ministro. Segundo o ex-magistrado de Curitiba, Bolsonaro teria tentado interferir na nomeação do novo superintendente geral da Polícia Federal, em substituição de Mauricio Valeixo.
“Nunca pedi para blindar alguém da minha família”, declarou Bolsonaro, se referindo a acusação de ter pedido a demissão de Valeixo para proteger seus filhos de investigações da Polícia Federal, “Será que é interferir na Polícia federal pedir há 11 minutos Política a Sergio Moro descobrir quem mandou matar Jair Bolsonaro? Ele se preocupou mais com a Marielle do que com seu chefe supremo. Isso é interferir na Polícia Federal?”.
Bolsonaro lembrou que desde 2014 a lei prevê que a nomeação do chefe da Polícia Federal é de exclusiva competência do Presidente da República. E salientou que, mesmo se Moro tinha lhe pedido “carta branca” no momento da nomeação do cargo de Ministro da Justiça, “autonomia não é sinal de soberania” e que o mandatário tem “poder de veto”.
Cercado por seus ministros, por seu filho, Eduardo, e pelo vice-presidente Hamilton Mourão, Bolsonaro discursou por cerca de uma hora, relembrando alguns episódios que levaram a ruptura com Moro.
Além disso, o presidente citou outros casos ocorridos durante os 16 meses de seu mandato, como o caso Queiroz, o aquecimento das piscinas do Palácio do Planalto, as condenações por tráfico da drogas de membros da família da primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o embate com o Inmetro. “A PF mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo”, declarou Bolsonaro.
Bolsonaro acusa moro de mentir e de querer o STF
Segundo Bolsonaro, Moro teria aceitado a demissão de Valeixo mas somente após sua nomeação ao Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, quando uma das vagas se liberaria.
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Moro tinha negado que sua aceitação do cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública fosse vinculada a uma sua nomeação para o Supremo. “Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso”, declarou Bolsonaro.
Segunda demissão em 8 dias
Esta é a segunda demissão que ocorre no Governo de Jair Bolsonaro em oito dias. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido na quinta-feira (16) por ideias contrárias a do presidente em relação as medidas para conter o avanço do coronavírus no Brasil.