Manifestantes extremistas que questionam o resultado das eleições presidenciais de 2022 e a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) furaram o bloqueio feito pela Força Nacional e pela Polícia Militar do Distrito Federal e invadiram neste domingo (8) os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e também o Palácio do Planalto, em Brasília.
A invasão no DF ocorreu no meio da tarde. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram os radicais entrando em confronto com as forças de segurança e ocupando a parte externa do edifício do Congresso, a partir da rampa.
Na sequência, os manifestantes em Brasília invadiram o Palácio do Planalto, onde funciona a Presidência da República. O presidente Lula não está em Brasília. Ele cumpre hoje agenda em Araraquara (SP).
Por fim, também o prédio do STF foi invadido e depredado. Segundo os conteúdos publicados nas redes, grupos radicais passaram também a vandalizar as vidraças e os objetos que ficam dentro dos prédios.
Invasão de manifestantes radicais já era esperada
Antes da invasão aos prédios dos Três Poderes em Brasília, os manifestantes estavam concentrados em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. Desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Lula nas eleições presidenciais, milhares de seguidores do ex-presidente passaram a acampar em frente a estruturas das Forças Armadas. Eles questionam a vitória do petista e pedem por uma intervenção militar, o que vai contra a Constituição do Brasil.
A ação dos radicais que não aceitaram a derrota de Jair Bolsonaro em Brasília hoje não chega a ser uma surpresa. No sábado (7), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, assinou uma portaria que autorizou a atuação da Força Nacional contra o que classificou como “ameaças veiculadas contra a democracia”. O governo já sabia que bolsonaristas estavam se organizando para tentar invadir a Praça dos Três Poderes. Apesar disso, as forças de segurança não foram capazes de conter os golpistas.
No Twitter, Dino classificou o episódio como uma “absurda tentativa de impor a vontade pela força”, mas que a iniciativa “não vai prevalecer”. “O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça”, escreveu.
Também na rede social, o Ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse que a manifestação de bolsonaristas em Brasília é promovida por “uma minoria golpista que não aceita o resultado da eleição e que prega a violência”. Ele afirmou que os manifestantes serão tratados “com o rigor da lei”.
O ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro Ciro Nogueira usou o Twitter para pedir “a todos equilíbrio e sensatez”. “A democracia se fortalece no contraditório e no respeito às diferenças”, tuitou.
Ministério da Justiça autoriza emprego da Força Nacional em Brasília
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, autorizou o emprego da Força Nacional de Segurança Pública para atuar na invasão a Brasília, entre a Rodoviária do Plano Piloto e a Praça dos Três Poderes. Segundo a pasta, a medida foi adotada “em razão das manifestações políticas no centro da capital federal”.
Prevista na Portaria 272/2023 assinada nesse sábado (7), o emprego da Força Nacional visa garantir a ordem pública e os patrimônios públicos e privados, “em caráter episódico e planejado, nos dias 7, 8 e 9 deste mês de janeiro”, em meio à chegada de alguns ônibus com manifestantes contrários ao resultado das eleições. O grupo está concentrado em frente ao Quartel General (QG) do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília.
A uso da força visa evitar situação similar à ocorrida no dia 12 de dezembro, quando manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF em Brasília após a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante. Na ocasião, os manifestantes colocaram fogo em carros e ônibus, causando “distúrbios civis, do trânsito e incêndios”, conforme dito pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Em nota, o Ministério da Justiça (MJ) informa que o contingente a ser disponibilizado “obedecerá ao planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, e não pode ser divulgado”.
Ainda segundo o MJ, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) montou um gabinete de gerenciamento para o monitoramento das manifestações. “Os policiais mantêm vigilância nas rodovias federais que dão acesso à Brasília. No mesmo esquema, a Polícia Federal (PF) montou esquema de vigilância e mantém equipe de prontidão”. Preventivamente, algumas vias próximas à Esplanada dos Ministérios serão interditadas.
Presidente do PT diz que governo do DF foi “irresponsável”
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, disse que o governo do Distrito Federal foi “irresponsável” ao não evitar a invasão do Congresso Nacional por manifestantes golpistas.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Gleisi disseram que acionaram a Procuradoria-Geral da República para pedir intervenção federal no Distrito Federal.
O vice-presidente do Senado Federal, Senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), também falou sobre a falta de ação do governo do DF:
O presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) também condenou os golpistas:
Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco disse repudiar “veementemente esses atos antidemocráticos”, que, segundo ele, deverão “sofrer o rigor da lei com urgência”. A Polícia Legislativa também está no local, na tentativa de conter a invasão.
“Conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contato permanente. O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação”, disse Pacheco.
Os extremistas deixaram o STF depois de depredar mesas, cadeiras e mobiliário no plenário da Corte. A polícia e forças de segurança tentam tirar os golpistas da rampa do Palácio do Planalto lançando bombas contra os golpistas. Os manifestantes ainda ocupam as instalações do Congresso, A invasão no prédios dos Três Poderes já dura mais de três horas.
Planalto e STF têm vidros e móveis depredados
Imagens veiculadas na internet mostram que tanto o Palácio do Planalto como o Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram suas sedes invadidas na manifestação de bolsonaristas no DF. Vidros e móveis foram quebrados pelos extremistas que não aceitam o resultado das eleições.
A demora ou a ausência de reação de forças policiais pode levar o STF a intervir na Secretaria de Segurança do Governo do Distrito Federal, que tem como secretário o ex-ministro da Justiça do então governo Bolsonaro Anderson Torres.
Diante da situação, o líder do Governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que, em conjunto com a presidência do PT entrará com representação na Procuradoria-Geral da República, “para que seja decretada intervenção na segurança pública do DF”.
“Estamos protocolando agora dois pedidos ao ministro Alexandre de Moraes: 1 – Prorrogação do inquérito dos atos antidemocráticos a partir dos acontecimentos de hoje;
2 – Impedimento de posse e, em caso de posse, afastamento do Sr Anderson Torres, da Secretaria de Justiça do DF”, twittou Rodrigues.
Em post anterior, o líder disse que “a manifestação terrorista em Brasília já era prevista e contou com a complacência e quase cumplicidade do governador do DF @IbaneisOficial. Qualquer coisa que vier a acontecer com a vida das pessoas e ao patrimônio do povo brasileiro, o Sr @IbaneisOficial será responsabilizado”, disse o senador.
Outros parlamentares também pediram intervenção no governo do DF, a quem caberia prezar pela segurança na Esplanada dos Ministérios. “É preciso imediatamente intervenção federal no DF. O governador Ibaneis perdeu as condições de seguir no comando!”, postou o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP).
Invasões aos Três Poderes: PGR determina abertura de inquérito
O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou neste domingo (8) a imediata abertura de inquérito criminal para responsabilizar os envolvidos na invasão aos prédios dos Três Poderes em Brasília.
Uma nota da Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que Aras acompanha com “preocupação os atos de vandalismo a edifícios públicos que ocorrem em Brasília”, “mantém contato permanente com as autoridades e tem adotado as iniciativas que competem à instituição para impedir a sequência de atos de violência”, informou.
Entre as providências tomadas por Aras contra os manifestantes , informadas pela PGR, está a requisição à Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) a imediata abertura de procedimento investigatório criminal para responsabilizar nos atos de vandalismo contra os prédios dos Três Poderes.
A polícia de Brasília informou que 157 extremistas que invadiram Brasília foram detidos até as 19h.
Com Agência Brasil