Bolsas de NY fecham em queda, com fuga do risco diante de Ômicron
As bolsas de Nova York iniciaram a semana no vermelho, com investidores se mostrando cautelosos antes das festas de fim de ano, diante das incertezas geradas pelo avanço da variante Ômicron do coronavírus. Com o volume de operações já sendo reduzido pela proximidade do Natal, o movimento nesta segunda-feira, 20, foi de fuga do risco, levando os principais índices acionários americanos a quedas superiores a 1%. As dificuldades de negociação dentro do Partido Democrata para aprovação do pacote de cerca de US$ 2 trilhões de Biden para investimentos sociais e de combate à mudança climática também pressionaram as ações.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 1,23%, aos 34932,16 pontos, acompanhado pelo S&P 500, que caiu 1,14%, para 4568,02 pontos, e do Nasdaq, que teve retração de 1,24%, aos 14980,94 pontos (preliminar). Quase todos os setores do S&P 500 terminaram o dia no vermelho, com quedas mais acentuadas vistas nos segmentos financeiro e de materiais básicos.
Em relatório enviado a clientes, a Capital Economics faz um paralelo entre a atual situação do mercado acionário americano e a vista no mesmo período do ano passado. A consultoria lembra que, nesta época em 2020, as ações foram impulsionadas pela perspectiva de vacinas altamente eficazes, o que parecia significar que o dano econômico de longo prazo seria limitado. Este ano, “a perspectiva de uma variante potencialmente resistente à vacina parece ter dado a essa visão otimista uma dura verificação da realidade”, diz. Além disso, a política monetária atual ao redor do mundo é bastante diferente de um ano atrás, com um viés muito mais hawkish. Outro ponto destacado pela Capital Economics é o desempenho das ações neste último ano. “Não estamos entre aqueles que acham que há uma bolha no mercado. Mas, dadas a extensão do rali, não seria surpresa se, em resposta ao crescente temor decorrente do vírus e dos bancos centrais mais hawkish, alguns investidores preferissem realizar lucros neste fim de ano.”
Contribuiu para a cautela nos mercados os desentendimentos entre os democratas em torno do Build Back Better. O senador Joe Manchin declarou publicamente oposição ao projeto. Já o líder da maioria no Senado dos Estados Unidos, Chuck Schumer disse em carta aberta que a Casa votará uma versão revisada do plano e continuará votando até que a matéria seja aprovada.
“O que acontecerá a seguir para a política fiscal é difícil de dizer. Talvez o resultado mais provável seja que nenhum projeto fiscal importante seja aprovado antes das eleições de meio de mandato do próximo ano”, avalia o Citi. Citando o impasse democrata, o Goldman Sachs reduziu hoje sua projeção para o PIB dos EUA em 2022.
Com Estadão Conteúdo