Entre as bolsas mundiais hoje (22), as asiáticas fecharam sem direção única, em uma sessão marcada por profundas perdas nos negócios chineses em meio a incertezas sobre as perspectivas da segunda maior economia do planeta. As demais praças na região, porém, conseguiram computar ganhos sólidos, após a melhora no humor sobre a Nvidia ajudar as ações do setor.
Balanços corporativos amplificaram os temores sobre uma deterioração do cenário econômica na China, em um momento marcado pela ameaça de pesadas tarifas comerciais sob a gestão do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em Hong Kong, a ação da Baidu despencou 8,59%, após a empresa de buscas online informar queda na receita diante da menor demanda por publicidade digital. Com isso, o índice Hang Seng encerrou a sessão em baixa de 1,89%, a 19.229,97 pontos. Na mesma linha, a PDD amargou a mais lenta expansão das vendas em dois anos.
No continente, o Xangai Composto recuou 3,06%, a 3.267,19 pontos, na mínima intraday, enquanto o menos abrangente baixou 3,54%, a 1.966,91 pontos.
A Moody’s prevê que medidas de estímulos devem ser incapazes de sustentar a atividade chinesa, cujo Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer cerca de 4,5% no quarto trimestre de 2024, antes desacelerar a 4,2% em 2025 e a 3,8% em 2026. “A incerteza econômica, os baixos retornos das poupanças financeiras e o impacto no patrimônio líquido resultante da correção dos preços dos imóveis, por sua vez, atenuam o sentimento do consumidor e a demanda”, observa a agência.
Apesar disso, a cautela acabou circunscrita às fronteiras chinesas neste pregão, na esteira de ventos favoráveis vindos de Wall Street na véspera. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,68%, a 3.8283,85 pontos. O Kospi, de Seul, ganhou 0,83%, a 2.501,24 pontos, com ajuda da fabricante de chips de memória SK Hynix (+4,68%). Em Taiwan, o Taiex se elevou 1,55%, a 22.904,32 pontos. Por lá, TSMC se recuperou das perdas de ontem e ganhou 2,97%.
Na Oceania, o S&P/ASX 200, de Sydney, teve alta de 0,85%, a 8.393,80 pontos, após dois dias consecutivos no vermelho.
Europa devolve ganhos
As bolsas da Europa revertem os ganhos da abertura e o euro cai ao menor nível em dois anos ante o dólar, após um conjunto de índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) inesperadamente fracos pintar um quadro preocupante na região.
Por volta das 7h (de Brasília), o índice Stoxx 600 tinha variação marginalmente positiva de 0,02%.
Logo cedo, dados já haviam apontado para uma fraqueza econômica: o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha encolheu 0,3% na comparação anual do terceiro trimestre, enquanto as vendas no varejo britânicas recuaram mais que o previsto em outubro.
No entanto, foram os PMIs preliminares que azedaram o sentimento de risco. O indicador composto caiu a 48,1 em novembro na zona do euro, menor nível em 10 meses. Na França, o recuo foi ainda mais firme, a 44,8. No Reino Unido, o mesmo dado cedeu a 49,9, mínima em 13 meses. Já o PMI de serviços na Alemanha registrou inesperada queda a 49,4. Os números abaixo de 50 apontam para contração na atividade.
Para analistas, o cenário reflete a escalada das tensões geopolíticas e incertezas após a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, já que o republicano promete impor tarifas a parceiros comerciais. “O estado desolador da atual conjuntura econômica sugere uma dinâmica muito mais fraca do que a sugerida pelos dados do PIB”, afirma a Oxford Economics.
Após os dados, investidores ampliaram a precificação por mais cortes de juros do Banco Central Europeu (BCE) à frente, com avanço inclusive na possibilidade de uma redução de meio ponto porcentual em dezembro. O movimento pressionou os retornos dos títulos da dívida locais: no horário citado acima, a taxa do Bund alemão de 10 anos cedia a 2,235% e o do OAT francês para igual vencimento baixava a 3,030%.
A deterioração do clima reverteu boa parte do impulso que as ações de tecnologia recebiam mais cedo, na esteira da melhora do humor sobre o balanço da Nvidia. Há pouco, o papel da ASML subia 0,95%, depois de saltar mais de 1%.
Tudo somado, a Bolsa de Londres avançava 0,68% e a de Lisboa ganhava 0,35%, mas Frankfurt cedia 0,25%, Paris baixava 0,35% e Milão perdia 0,81%. No câmbio, o euro caía a US$ 1,0399, tendo atingido mínima desde novembro de 2022. A libra descia a US$ 1,2504.
Com informações da Dow Jones Newswires e Estadão Conteúdo