Um dia após decisão do Fed, bolsas de Nova York derretem; ADRs brasileiros têm queda forte

O mercado externo, que ontem parecia ter assimilado bem o anúncio do Federal Reserve (Fed) sobre o aumento do juros em 0,75 ponto percentual, sucumbiu na sessão desta quinta. Investidores passaram a temer por um aumento também de 0,75 p,p na próxima reunião, em julho. Não só isso: houve elevação das taxas básicas de juros no bolsas de Nova York acabaram derretendo — levando junto os ADRs das principais companhias do Brasil, em dia de B3 fechada.

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As bolsas de Nova York fecharam com quedas robustas nesta quinta-feira, com os três principais índices nos menores níveis em mais de um ano e meio. Investidores acreditam que a postura agressiva dos bancos centrais no combate à inflação inicie uma recessão nas principais economias do planeta.

No fechamento das bolsas de Nova York, o índice Dow Jones perdeu 2,42%. O S&P 500 despencou 3,25% e o Nasdaq afundou 4,08%. Dow Jones e S&P 500 cederam aos menores níveis desde dezembro de 2020, enquanto Nasdaq renovou mínima desde setembro daquele ano.

Em dia de B3 fechada, com o feriado de Corpus Christi, os ADRs, que podem indicar o clima do mercado no Brasil, desabaram de maneira generalizada: Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) tombaram, respectivamente, 5,83% e 4,86%. A Eletrobras (ELET3) cedeu 3,93% e a Ambev (ABEV3), 2,76%. A Azul teve o maior tombo: 11,55%. Gol (GOLL4) desabou 10,50% e a outra aérea, a Embraer (EMBR3) ficou negativa em 7,65%. O Itaú (ITUB4) caiu 4,63, GPA teve queda de 4,19% e a CSN (CSNA3) despencou 5,06%.

O índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, com as principais empresas da B3 que dispõem de ações negociadas nas bolsa de Nova York, foi à lona, caindo 4,48%, aos 16.663 pontos. O EWZ, principal ETF de companhias brasileiras em Nova York, tombou 4,43%.

Bolsas de Nova York: techs puxam as baixas

A baixa geral nas Bolsas de Nova York teve como o peso as techs, que puxaram a tendência: Apple (AAPL34). -3,97%, Amazon (AMZO34), -3,72%. e Microsoft (MSFT34), -2,70%. O setor tende a ser o mais prejudicado por juros mais altos, uma vez que a atratividade desses países costuma depender mais das expectativas para resultados futuros.

O aumento nos juros divulgado ontem pelo Fed foi o terceiro consecutivo e o maior em porcentual em quase três décadas. A última vez que o BC americano elevou os Fed funds em 0,75 ponto foi em 1994.

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Após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou a necessidade de novos aumentos nos juros para trazer a inflação para a meta de 2% e afirmou que o ritmo continuará a depender dos indicadores econômicos e da evolução das perspectivas para a economia dos Estados Unidos.

O Barclays, uma das primeiras instituições a projetar que o Fed subiria juros em 75 pontos-base ontem, acredita que o BC americano deve moderar o ritmo de aperto monetário na reunião de julho, com alta de 50 pontos-base.

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O banco lembrou que, em coletiva de imprensa, Powell ressaltou que o avanço de 0,75 ponto porcentual não se tornaria comum. Para o Barclays, a alta nessa ritmo serviu para enviar uma mensagem de compromisso contra a inflação. “Diante do que estamos vendo no economia e na habitação, acreditamos que não será necessário [enviar outra]”, destaca.

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As bolsas europeias também fecharam em baixa acentuada nesta quinta-feira, à medida que aumentos de juros na região e nos Estados Unidos reforçaram temores sobre uma possível recessão. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou os negócios com queda de 2,31%, a 403,56 pontos. Apenas o setor de tecnologia, que é mais sensível a um ambiente de juros altos, sofreu um tombo de 4,4%.

Após o Fed aumentar seu juro básico em 75 pontos-base, no maior ajuste desde 1994, foi a vez de os BCs da Inglaterra e da Suíça elevarem suas taxas nesta quinta, na tentativa de combater a disparada da inflação que veio na esteira da pandemia de covid-19 e se agravou com a guerra na Ucrânia.

O BoE elevou seu juro em 25 pontos-base pela quinta vez consecutiva, a 1,25%, mas sinalizou que poderá fazer ajustes mais agressivos em caso de pressões inflacionárias mais persistentes.

Já o SNB, o banco central da Suíça, anunciou um inesperado aumento de 50 pontos-base em sua taxa básica, de -0,75% para -0,25%, impulsionando o franco suíço em relação ao dólar e ao euro.

A onda de aperto monetário compromete a perspectiva econômica global. Nos EUA particularmente, o receio é de que a postura mais hawkish do Fed leve a economia americana a uma recessão, argumento que predominou nas Bolsas de Nova York hoje.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Marco Antônio Lopes

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