A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) informou que até a última quarta-feira (30), os investidores estrangeiros aportaram R$ 48 bilhões no mercado à vista, sem contar as aberturas de capital, esse cenário corresponde ao melhor desempenho da série histórica compilada pelo Estadão/Broadcast, que vem desde o Plano Real.
Assim, o primeiro semestre desse ano, que foi de surpresas positivas na economia brasileira, arrebanhou um saldo recorde histórico de estrangeiros no mercado local de capitais.
Uma conjunção de fatores explica essa entrada, como a melhoria nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, a valorização nos preços das commodities no mercado internacional e a alta dos juros, que atraiu recursos estrangeiros para o País.
O aporte estrangeiro na Bolsa desde janeiro representa o dobro do recorde anterior, de R$ 21,5 bilhões, registrado no primeiro semestre de 2015, mas as condições agora são opostas. Nos últimos meses, o Ibovespa bateu recordes à medida que o mercado elevava as previsões de crescimento do País após indicadores melhores que o esperado.
Segundo o relatório Focus, do Banco Central (BC), o mercado financeiro projeta alta de 5% para o PIB brasileiro neste ano. Há um mês, esperava alta de 3,5%.
Essa entrada deve continuar, e outros fatores entram na conta. Alexandre Almeida, economista da CM Capital, observa que a taxa Selic começou a subir e deve passar por novas altas, o que atrai mais capital estrangeiro.
“Foi se formando um ambiente mais favorável para os estrangeiros, com a sinalização de alta das taxas, e isso tende a se intensificar, com a recente ata do Copom, que sinalizou que esses aumentos não devem ser apenas parciais”, diz.
Na visão de Ermínio Lucci, CEO da corretora BGC Liquidez, o estrangeiro deve buscar Brasil graças ao cenário externo benéfico para emergentes produtores de commodities, que tendem a se beneficiar da retomada da economia mundial.
Fluxo positivo de estrangeiros na Bolsa deve continuar
“As estimativas para crescimento global em 2021 estão entre 4,5% e 5%, o que considero robusto”, diz. “Acredito que esse fluxo positivo de estrangeiros na Bolsa deve se prolongar ao longo do ano.”
Ronaldo Patah, estrategista-chefe do UBS Consenso, também vê na maior demanda por commodities o propulsor da entrada de estrangeiros na Bolsa brasileira. “A China, um dos países que melhor lidaram com a pandemia, segue com crescimento robusto, e a nossa oferta de commodities calha exatamente com a demanda dos chineses (minério, carne de porco, carne bovina, de frango). Nesse caso, o Brasil é um dos países que mais se beneficiam entre os emergentes.”
Com informações do Estadão Conteúdo e do jornal O Estado de S. Paulo.