De acordo com o Boletim Focus, publicado nesta segunda-feira (24), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil irá recuar 5,46% em 2020. Caso a projeção se confirme, este será o pior ano para a economia brasileira no último século. Essa é a oitava semana consecutiva em que os especialistas do mercado financeiro, ouvidos pelo Banco Central (BC), estimam uma queda menos intensa do PIB que no relatório anterior. Há quatro semanas, a previsão era de um tombo de 5,77%.
No início do ano, o Boletim Focus previa uma alta de 2,30% do PIB deste ano, na sequência dos crescimentos registrados desde 2017. Entretanto, o mercado, assim como o Banco Central, não esperavam os fortes efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na atividade econômica global.
Segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), o PIB brasileiro recuou 1,5% no primeiro trimestre; o resultado do segundo trimestre, período que deve abranger as medidas de contenção ao vírus de forma mais ampla, será divulgado em 1º de setembro. Para o ano que vem, o relatório Focus permanece com a previsão de que a economia do País subirá 3,5% — mesma estimativa das últimas 12 semanas.
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Além disso, o documento apresentado nesta segunda-feira também mostrou que o mercado voltou aumentar a expectativa pela inflação. A projeção para o aumento dos preços deste ano ficou em 1,71%. Caso o resultado se confirme, a inflação ficará abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O objetivo estipulado pela autoridade monetária do País, composto pelo Ministro do Planejamento, Ministro da Economia e presidente do BC, é de inflação de 4%, com 1,5 ponto percentual de tolerância, de 2,5% até 5,5%.
Em relação ao ano que vem, os economistas do mercado estimam um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3%, assim como nas últimas nove semanas.
Taxa de juros para o Boletim Focus
Segundo os especialistas que compõem o Focus, a taxa básica de juros da economia (Selic) deve terminar este ano na casa dos 2%, atual patamar — o menor da história. Essa é a mesma previsão das últimas sete semanas, antecedendo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em cortar a taxa em 0,25%, no dia 5 de agosto.
O comitê formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, além dos diretores colegiados da autoridade monetária do Brasil buscam utilizar a política monetária para fomentar a economia em meio aos impactos da pandemia.
No entanto, segundo Campos Neto, “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, disse em teleconferência organizada pela Petrobras.
Segundo ele, “consequentemente, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”. O presidente do BC diz que já enxerga uma recuperação parcial da economia.
2020
- PIB: a projeção é de uma retração da economia em 5,46%.
- IPCA: a projeção subiu para 1,71%, com uma meta central de 4%.
- Taxa Selic: a previsão fica em 2%.
- Dólar: a previsão ficou em R$ 5,20, pela 10ª semana consecutiva.
- Balança Comercial: a expectativa para o superávit permaneceu em US$ 55 bilhões.
- Investimento Estrangeiro Direto: os economistas indicaram que subirá para US$ 55 bilhões.
- Déficit Primário do PIB: a previsão caiu para -11,63%.
- Resultado Nominal do PIB: a expectativa do déficit ficou em -15%.
2021
- PIB: a projeção do crescimento da economia continuou em 3,50%.
- IPCA: a projeção ficou em 3%.
- Taxa Selic: a estimativa subiu para 3%.
- Dólar: os especialistas continuam com a projeção de R$ 5,00.
- Balança Comercial: a expectativa para o superávit subiu para US$ 53,31 bilhões.
- Investimento Estrangeiro Direto: a previsão recuou para R$ 65,48 bilhões.
- Déficit Primário do PIB: a previsão caiu para -2,67%.
- Resultado Nominal do PIB: a expectativa do déficit ficou em -6,20%.
O Boletim Focus é elaborado semanalmente pelo Banco Central. São utilizadas as projeções dos especialistas das 100 principais instituições ligadas ao mercado financeiro do Brasil.