Pela primeira vez depois de 35 semanas consecutivas, o Boletim Focus desta segunda-feira (13) indicou um recuo na previsão do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ao final de 2021. O indicador de inflação aponta para um fechamento em 10,05% neste ano, uma queda de 0,13 pontos percentuais (p.p.) em relação a semana passada.
Já para 2022, os economistas consultados pelo Banco Central (BC) para o Boletim Focus continuam vendo a inflação acima do teto da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 5,02% – mesmo valor do último relatório.
O BC tem como meta que a inflação fiquei em 3,5% em 2022, com um intervalo de tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo. Ou seja, 2% é o piso da meta e 5% é o teto.
Há quatro semanas atrás, o Boletim Focus registrava uma projeção de 4,79% para o IPCA em 2022, dentro da meta de inflação do CMN.
Com a expectativa do IPCA acima da meta no próximo ano, o mercado elevou sua previsão para a taxa Selic em 2022 também. O relatório desta segunda prevê o juros básico do País em 11,50% ao final do ano. O valor é 0,25 p.p. superior ao da semana passada.
Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) cumpriu o previsto e elevou a taxa Selic em mais 1,5 p.p., para 9,25%, como previsto no Boletim Focus. Com isso, os juros fecham dentro do esperado pelo mercado neste ano.
Boletim Focus diminui estimativa para o PIB
Mais uma vez os especialistas ouvidos pelo BC diminuíram a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. No relatório desta semana, o mercado avaliou o PIB brasileiro em 2021 crescendo 4,65%, 0,06 p.p. abaixo da expectativa anterior.
Há quatro semanas, o Boletim Focus indicava um crescimento econômico de 4,88% em 2021. Essa foi a nona vez que o mercado diminuiu sua expecativa para o PIB deste ano.
Já em 2022, a previsão do PIB caiu para 0,50% ante 0,51% na semana anterior. Há um mês a expansão prevista era de 1,00%.
Enquanto isso, instituições financeiras já falam em recessão para o próximo ano, com as projeções agravadas depois que o País entrou em recessão técnica após a divulgação do PIB do terceiro trimestre de 2021, que apresentou queda de 0,1%, igual a queda do segundo trimestre.
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Dólar se mantém em R$ 5,50
Após semanas com a mesma previsão, o relatório Focus apontou uma segunda alta no cenário do dólar em 2021, às vésperas do fechamento do ano.
A mediana das expectativas para a moeda norte-americana no fim deste ano subiu de R$ 5,56 para R$ 5,59.
Já para o próximo ano, a previsão para o dólar se manteve em R$ 5,55.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus passou a ser calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano. A mudança foi anunciada em janeiro pelo BC. Com isso, a autarquia espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Resumo do Boletim Focus
Veja, em detalhes, as projeções mais importantes para 2021 e 2022:
2021
- PIB: previsão de crescimento da economia caiu 0,6 p.p., para 4,65%;
- IPCA: registou queda de 0,13 p.p., para 10,05%;
- Taxa Selic: fechou o ano e não tem previsão;
- Dólar: teve aumento para R$ 5,59;
- Balança Comercial: a expectativa de superávit diminuiu para US$ 59,90 bilhões;
- Investimento Estrangeiro Direto: subiu para US$ 52,0 bilhões;
- Déficit Primário: a previsão se manteve em -0,60% do PIB;
- Resultado Nominal: melhorou para -5,70% do PIB.
2022
- PIB: estimativa caiu para 0,50%;
- IPCA: se manteve em 5,02%;
- Taxa Selic: subiu para 11,50%;
- Dólar: se manteve em R$ 5,55;
- Balança Comercial: a expectativa de superávit caiu para US$ 55,80 bilhões;
- Investimento Estrangeiro Direto: aumentou para R$ 58,10;
- Déficit Primário: continuou em -1,20% do PIB;
- Resultado Nominal: piorou para -7,10% do PIB.
O Boletim Focus é elaborado semanalmente pelo Banco Central. São utilizadas as projeções dos especialistas das 100 principais instituições ligadas ao mercado financeiro do Brasil.