O Bank of America (BofA) revisou nesta quarta-feira (13) a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 e passou a ver um tombo de 7,7% na economia.
Conforme relatório da instituição financeira estadunidense, a revisão da estimativa aconteceu em meio a ações “prolongadas” de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Na comparação ano a ano, o BofA prevê uma baixa de 1,5% no PIB do primeiro trimestre e uma queda 16% no segundo.
“A princípio, os bloqueios deveriam durar até o início de maio, mas com o número de novos casos de covid-19 e as mortes ainda aumentando, eles poderiam permanecer até junho ou julho”, detalha documento da equipe liderada por David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America no Brasil.
O BofA também citou a chegada de dados econômicos “piores que o esperado”. Segundo o banco, os resultados sugerem um impacto da pandemia mais forte do que o previsto para o mês de março. Nesse sentido, a instituição espera que, para abril quando a paralisação das atividades atingiu o mês inteiro, os dados sejam ainda piores.
A instituição financeira havia estimado no início do mês de abril que o PIB do Brasil deveria registrar uma queda de até 3,5% neste ano, devido a pandemia do novo coronavírus. A projeção de expansão de 3,5% da economia para o ano seguinte foi mantida.
BofA vê relação dívida pública/PIB atingir 88% em 2020
Além disso, o banco também revisou as projeções para o déficit fiscal de 2020, de 7,5% para 9,3% do PIB. A instituição projeta um recuo de R$ 82 bilhões na receita neste ano, em vista do aumento de gastos para lidar com a crise causada pela pandemia. Dessa forma, o BofA espera que a dívida pública do Brasil atinja 88% do PIB nacional nesse cenário.
“As perspectivas de crescimento mais fraco e as piores condições de trabalho podem estender os programas atuais para aliviar as receitas corporativas e a renda familiar”, informa o documento.
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“É essencial que a agenda de reformas seja retomada assim que a crise da covid-19 terminar, para evitar uma maior deterioração das perspectivas fiscais. Devem aumentar as pressões pelos programas de privatização e concessões para ajudar na recuperação pós-pandemia”, defendeu o BofA.
Dessa maneira, o banco também piorou a projeção para o dólar estadunidense, e R$ 5,20 para R$ 5,85. Segundo o relatório, fatores como a aceleração do número de casos e as disputas políticas no cenário interno poderiam impulsionar a alta da moeda americana.
“Esperamos que o ruído político permaneça alto enquanto o Procurador Geral da República (PGR) ouve testemunhos e coleta evidências para decidir se apresentará uma acusação formal contra o presidente Bolsonaro no Congresso. O barulho político pode afetar a agenda de reformas e o processo de normalização fiscal no próximo ano. Isso manterá o real sob pressão no curto prazo”, avaliou o BofA.
Além da redução da projeção para o PIB brasileiro, o banco norte-americano espera um novo corte na taxa básica de juros (taxa Selic), de 0,75 ponto percentual, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para 2,25% ao ano.