Em seu primeiro relatório sobre a empresa, divulgado na última sexta-feira (20), o BTG Pactual recomendou a compra dos papéis da Boa Safra (SOJA3), destacando que a empresa possui uma “rara combinação de crescimento”.
O BTG tem recomendação de ‘compra’ para as ações da Boa Safra, com preço-alvo a R$ 19,00.
Segundo os analistas do BTG Henrique Brustolin e Thiago Duarte, a empresa faz parte do setor de facilitadores do agronegócio, permitindo aos investidores iniciar uma exposição à cadeia de valor do agronegócio no momento prévio à exploração agrícola em si, o que eles consideraram como uma “rara combinação de crescimento”.
“Isto, muitas vezes, oferece maior potencial de crescimento, menor exposição às oscilações dos preços das matérias-primas, além de retornos mais elevados em relação aos operadores de terra no geral. A Boa Safra atende a todos esses critérios”, disseram.
O BTG Pactual lembra que a Boa Safra (SOJA3) é líder na produção de sementes de soja no Brasil, mas com apenas 8,2% do mercado em 2023. O BTG avalia que a empresa opera em uma indústria de crescimento, e pode apoderar-se cada vez mais de pedaços maiores do mercado.
“À medida que ganha escala em sementes de soja, acreditamos que a Boa Safra poderá aumentar seu valor estratégico. Nas sementes de milho, vemos espaço para mais, talvez ate para aventurar-se em outras fases da cadeia de valor”, completaram os analistas.
O banco espera que até 2027, a Boa Safra esteja presente no mercado de milho, inclusive.
Apesar de não possuir a tecnologia incorporada nas sementes, o BTG ressalta que a Boa Safra assume os riscos comerciais de selecionar as variedades para vender. “Um modelo de negócio diferenciado e com poucos ativos, focado na produção de sementes da cadeia de valor”.
Projeções para a Boa Safra, segundo o BTG
Segundo as projeções do BTG, a receita, o Ebitda e o lucro líquido da Boa Safra devem apresentar uma taxa de crescimento anual de 18%, 20% e 14%, respectivamente até 2027.
Nas projeções operacionais, a Boa Safra deve saltar de uma produção de quase 240 mil big bags de soja em 2024 para 360 mil big bags, ou 9 milhões de sacas, até 2027. Para isso, de acordo com o BTG, a empresa deve investir cerca de R$ 3 mil por big bag.
”Estamos assumindo que as vendas de sementes tratadas crescerão e representarão 47% do volume de vendas da Boa Safra em 2027, ante 33% esperados este ano”, destacaram os analistas.
No caso do milho, o BTG incorporou o plano da empresa de atingir 132 mil big bags, algo em torno de 3,3 milhões de sacas, até 2027. “Assumimos receitas de R$ 70 por saca neste ano e esperamos que isso cresça em linha com a inflação que vem pela frente”.
“O investimento necessários para expandir a capacidade de produção dos atuais 52 mil big bags para 132 mil big bags também está previsto em R$ 3 mil por big bag”, completaram os analistas do banco.
Boa Safra (SOJA3) vai expandir atuação para a região Sul e fazer novas aquisições, segundo CEO
A Boa Safra Sementes (SOJA3) pretende estabelecer suas operações na região Sul do país, começando pelo estado do Paraná, maior mercado da região. O CEO da companhia, Marino Colpo, conversou com a Suno Notícias no início deste mês.
Segundo Marino Colpo, a Boa Safra contratou um gerente regional com uma equipe que ficará encarregada de identificar oportunidades no Estado e estabelecer um atendimento mais próximo da região sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
“A Boa Safra vai para o Sul e vamos expandir sim. Fizemos o IPO há quase 3 anos e o nosso foco foi consolidar a participação da empresa no Centro-oeste do Brasil, maior região produtora do país, mas também crescemos para o Norte e Nordeste do Brasil, essa expansão foi feita por conta da planta da Bahia e o CD do Maranhão. Investimos também em Goiás, Minas e Mato Grosso”, ressaltou Colpo.
Segundo ele, a ideia agora é chegar a outra parte do país, responsável por um terço da produção nacional de soja, que a Boa Safra não atende ainda, que é a região Sul. “Nosso projeto é uma expansão – a princípio – orgânica, com desenho até 2027, e a região Sul está dentro do nosso projeto”, completou.
De acordo o CEO, o objetivo é entrar no Paraná em 2024 e em Santa Catarina e Rio Grande do Sul em 2025. O mercado do Paraná representa 45% das vendas do setor na região Sul, o que equivale a 14% do mercado nacional.
“Temos três estratégias para entrar na região: Entrar com operação no Paraná, já começando a atender no estado, mas também melhorar o atendimento, as relações e ampliar o portfólio, tanto para o sul do Estado de São Paulo, quanto para o sul do Mato Grosso do Sul, que apesar de não estarem na região Sul, seus traços de plantio são semelhantes àquela região”, disse.
O objetivo da empresa é ampliar sua liderança em sementes de soja, saltando dos atuais 8% de participação de mercado para 15% em 2027, após implementar as operações no Sul.
A soja, que hoje representa 95% do lucro da companhia, deverá dividir espaço com o milho, que até 2027 deverá ter 25% do resultado.
Diversificação de portfólio
“Queremos expandir e diversificar nossos produtos para além da soja e do milho, mas o nosso foco é a soja, que é o maior mercado, e o milho, que é o segundo maior mercado de plantio e sementes do Brasil. No entanto, temos olhado para outras culturas, entramos no mercado de sementes forrageiras, ampliamos a produção em semente de feijão, e também nas sementes de sorgo”, afirmou o CEO.
Diversificar é vantajoso para a Boa Safra pois dá a ela um ganho com a sinergia dessas culturas. Podendo a empresa aproveitar os mesmos clientes, mesmos parceiros de distribuição, além da logística, que é complementar em todas as sementes, utilizando ainda os mesmos centros de distribuição (CD) e as equipes de vendas e distribuição.
“São três ótimas culturas que estão crescendo no Brasil, dando uma opção muito grande de diversificação ao produtor brasileiro, principalmente o sorgo, que precisa de pouca água e é recomendada para safrinha, e geralmente os produtores que têm dificuldades ou não têm chuva suficiente para plantar soja e milho, eles plantam soja e sorgo, sendo uma opção para a safrinha”, completou.
Outra cultura que a Boa Safra aposta é a do feijão, alimento que está na mesa de todo brasileiro, e que é plantado muito em pivôs, com sistema de irrigação, e que tem crescido bastante no país.
Já as forrageiras são culturas de cobertura. Hoje o produtor rural utiliza seu solo primeiro para o plantio de soja e depois milho, durante a entressafra, ao invés de deixar o solo descoberto, o produtor pode plantar a forrageira, sendo a braquiária a mais comum, que dá uma boa cobertura de solo para se plantar a soja por cima da braquiária, que acaba sendo uma matéria orgânica para a semente da soja.
Aquisições
A companhia também pretende continuar as compras. No ano passado adquiriu a Bestway Seeds, de milho, e neste mês 45% da DaSoja, fundada em 2013 no Tocantins.
Segundo as falas do CEO, o desejo é ao menos uma operação por ano, por vários anos, para ampliar sua participação no mercado.
“Sobre aquisições, a resposta é sim. E temos vontade muito grande de continuar a nossa jornada de aquisições”, disse Colpo
Outro indicador que mostra que o mercado de sementes de soja continua aquecido para a Boa Safra é carteira de pedidos. Ela atingiu R$ 1,1 bilhão no fim do segundo trimestre de 2023, ante R$ 832 milhões um ano antes. No primeiro semestre, a empresa inaugurou um centro de distribuição em Balsas, no Maranhão, e ampliou outros CDs e unidades de beneficiamento.
A Boa Safra enxerga boas possibilidades de crescimento da produção de trigo no Brasil, que é um grande importador do cereal
Novo centro de distribuição no Norte e Nordeste
Em junho, a Boa Safra inaugurou sua nova unidade para expandir a atuação no Norte e Nordeste. O novo Centro de Distribuição (CD) em Balsas, cidade do Maranhão, é uma iniciativa da companhia de se aproximar mais das duas regiões.
Com uma área de 11 mil m², o novo CD em Balsas está estrategicamente posicionado na Rodovia Transamazônica BR-230. As instalações contam com capacidade inicial de armazenamento de até 20.000 big bags refrigerados, cada um com aproximadamente 1.000 kg.
Segundo a produtora, a implementação da nova unidade permitirá que a Boa Safra (SOJA3) aprimore ainda mais a experiência do cliente, garantindo entregas mais pontuais e seguras.
Infraestrutura em Balsas, MA
A infraestrutura do centro de distribuição inclui câmaras frias, proporcionando maior período de armazenamento em condições ideais para as sementes, mantendo sua qualidade e vigor até o momento do embarque para os agricultores. Esse processo contribui para aumentar a produtividade e a receita no campo, resultando em maior satisfação dos clientes.
A Boa Safra anunciou recentemente um investimento de R$ 150 milhões para expandir a produção de soja e milho em 2023. Esses recursos serão destinados em parte também à construção de um terceiro CD fora de Goiás, localizado em Paraíso, Tocantins, marcando a entrada da empresa na região Norte.