BNP Paribas vê piora na pandemia no Brasil, mas mantém alta de 2,5% no PIB
Apesar da piora da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19), o Brasil deve manter o crescimento apontado de 2,5% para este ano e de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) para 2021, de acordo com as projeções do banco BNP Paribas divulgadas nesta terça-feira (13).
Segundo a instituição financeira, o risco continua ao PIB a ser a piora da segunda onda da pandemia, que obriga o poder público a controlar as atividades econômicas como forma de combater o colapso no sistema de saúde. Além disso, o BNP Paribas também vê que a vacinação, em ritmo ainda lento, também preocupa.
“A covid-19 continua sendo o grande problema. A segunda onda tem se demonstrado pior do que prevíamos em janeiro e isso gera riscos a dinâmica para o crescimento. A vacinação continua em um ritmo lento, ganhado tração apenas no segundo semestre. Isso fará com que o ano encerre com um segundo semestre muito mais forte que o primeiro”, disse Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas.
Para Arruda, apesar da piora na pandemia, a perspectiva de melhora no cenário global e uma aceleração da atividade no segundo semestre deste ano devem auxiliar o País a manter o crescimento do PIB em 2020.
“Um primeiro componente que explica o crescimento é o cenário global que, na nossa visão, é mais positivo do que a maioria das casas. Na média, o ambiente é melhor do que na maior parte dos outros analistas desenham”, disse.
“Já o segundo ponto é a percepção de que a política fiscal será mais expansionista e no fechamento desse ano a economia brasileira estará crescendo bastante, ajudando a explicar o crescimento do ano que vem”, completou o executivo.
Para o BNP Paribas, para além desses dois fatores, a promessa de aceleração da vacinação para o segundo semestre também deve fornecer as bases para o crescimento da economia.
“A gente acredita que a população prioritária deve fechar o segundo semestre imunizada. Ainda estaremos convivendo com uma pandemia, mas pensando em reabertura é fundamental observar o sistema de saúde. À medida que caminhamos com a vacinação no grupo de risco, o uso da UTI acaba diminuindo bastante. Então, pensando em restrição, setor de serviços, comércio, [a vacinação desse grupo] ajuda bastante”, disse o chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas.
Preço das commodities e ambiente fiscal são riscos para PIB
Apesar de manter a projeção de crescimento para a economia brasileira, o BNP Paribas também deu destaque aos riscos que o País corre. De acordo com Gustavo Arruda, o preço das commodities, que estão em alta, podem pressionar a inflação.
“Os riscos são os preços de commodities. A inflação deverá fechar o ano em 5% e, 4% no ano que vem, ainda um pouco acima da meta, mas não nos preocupa, pois é mais um efeito de ajuste de um ano para outro em uma economia frágil”, disse.
Segundo o executivo do banco, o debate fiscal, que pauta as discussões sobre a saúde financeira do País, deve permanecer por um bom tempo em meio a ruídos políticos do governo Bolsonaro.
“O tema fiscal será o grande debate e um problema que vamos viver com ele bastante tempo. Nossa dívida ficou muito alta e esse ruído político por causa do debate fiscal deve permanecer por muito tempo. No nosso cenário, a dívida pública estabiliza em cerca de 90% do PIB e o debate é fazer o que fazer com uma dívida desse tamanho”, afirmou.
Já em relação ao câmbio, Arruda afirmou que o dólar poderá retornar a casa dos R$ 5 ao final do ano, mas que ainda há riscos para a moeda no curto prazo.
“O câmbio está bastante desvalorizado. Para o final do ano, temos um cenário de R$ 5, mas o cenário ainda muito ruim e suscetível a ruídos no curto prazo”, disse.
Europa deve surpreender o mundo
Além do crescimento dos EUA, que deve ser de quase 7% neste ano, segundo projeções do BNP Paribas, a Europa também deve manter um crescimento importante que faz com que o banco francês esteja mais otimista em relação ao continente.
“Esperamos uma política fiscal expansionista e também assumimos, no cenário de 2022 para frente, o início da implementação do programa de infraestrutura americano. Por isso, esperamos um crescimento do PIB americano de 6,9% neste ano e 4,7% ano que vem”, disse
“Mas vemos a economia da Europa acelerando bastante no segundo semestre, teremos aumento de preços que faz com que a inflação seja mais alta, mas acreditamos que a inflação é um risco que a comunidade europeia está disposta a correr”, completou Arruda sobre o PIB europeu.