BNDES tem lucro recorde em 2020, puxado por venda de ações
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou, nesta sexta-feira (12), seu resultado de 2020. O banco de fomento teve um lucro líquido recorde de R$ 20,7 bilhões no ano passado, alta de 17% ante 2019. No quarto trimestre, o lucro líquido foi de R$ 7 bilhões.
De acordo com o BNDES, o resultado do quarto trimestre do ano foi impactado pelas vendas de ações da Suzano (SUZB3) e da Vale (VALE3). A alienação da participação na companhia de papel e celulose contribuiu com R$ 2,4 bilhões para o lucro do período entre outubro e dezembro. A venda dos papéis da mineradora contribuiu com outros R$ 2,4 bilhões para o resultado.
No ano como um todo, a venda de ações somou R$ 14 bilhões para o lucro líquido total, informou a companhia estatal. O BNDES vendeu R$ 45,4 bilhões em participações acionárias ao longo de todo o ano passado, mesmo com o ambiente conturbado no mercado de capitais, sobretudo no primeiro semestre.
No entanto, de acordo com o presidente da instituição, Gustavo Montezano, apesar da crise, houve “muita liquidez” no mercado, com “muita demanda” por ativos brasileiros, contribuindo para o sucesso do plano de desinvestimentos em participações diretas em grandes companhias.
“Desinvestimos de forma organizada, cautelosa e sem afetar o mercado”, disse Montezano na teleconferência de resultados.
Desembolsos para financiamentos do BNDES também crescem
Impulsionados pela ação do banco para mitigar a crise do coronavírus, os desembolsos para financiamentos ficaram em R$ 64,9 bilhões no ano passado, avanço de 17% ente 2019, revertendo uma tendência contínua de queda nos últimos anos.
Do total de desembolsos, 52% foram direcionados para média, pequenas e microempresas (MPMEs). Essa foi a primeira vez em que essa categoria da economia ficou com a maior parte dos desembolsos.
A carteira de crédito e repasses, líquida de provisão, atingiu R$ 446,9 bilhões, o equivalente a 57,4% dos ativos totais no último dia do ano passado, com acréscimo de 1,2% em relação ao saldo de 31 de dezembro do ano anterior.
Para Montezano, os resultados de 2020 foram “robustos”, tanto no sentido financeiro quanto na execução de “ações anticíclicas” contra a crise e na execução da mudança estratégica da função da instituição.
No total, o BNDES informou que as ações contra a crise somaram um total de R$ 155,4 bilhões, incluindo um repasse de R$ 20 bilhões para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e valores emprestados por bancos comerciais, mas garantidos por um fundo juntamente criado.
A inadimplência acima de 90 dias caiu de 0,84% em 31 de dezembro de 2019, para 0,01% no mesmo dia do ano passado. Segundo o banco, o patamar é equivalente é o mais baixo desde 2013 e ficou inferior da média do sistema financeiro (2,12% em 31 de dezembro de 2020).
Para Montezano, a taxa de inadimplência apresentada é “virtualmente zero”. O BNDES encerrou o ano passado com disponibilidade de caixa na ordem de R$ 154,7 bilhões.
Com informações do Estadão Conteúdo.