O BNDES poderá não vender as ações que possui da Eletrobras (ELET3;ELET6) em 2022. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, há duas fortes razões para isso: falta de tempo para a realização de uma potencial operação ainda neste ano e uma piora no cenário macroeconômico.
Embora a privatização da Eletrobras tenha acontecido no início de 2022, uma cláusula de barreira (lock-up) para venda das ações terminou no começo de dezembro.
Com isso, havia a expectativa de que o BNDES iria oferecer ao mercado os papéis da empresa do setor elétrico.
No entanto, de acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, o banco de fomento fez avaliações internas sobre uma possível transação e a ideia não foi adiante. “O banco não vai vender essas ações da Eletrobras, decisão tomada”, disse uma delas.
Ainda que a possibilidade tenha sido avaliada, a decisão teria pouco tempo. “E, para se achar o tamanho adequado da operação, não haveria tempo hábil. Seria muito difícil de fazer por causa da governança”, afirmou uma segunda fonte da Reuters.
Impactos macroeconômicos na Eletrobras
Ainda de acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, “os investidores ficaram abalados com algumas das decisões de Lula”. Entre elas, está a nomeação de Aloizio Mercadante para o comando do BNDES.
“Quando você tem uma grande mudança macro, e foi o que aconteceu agora, você precisa refazer muito do trabalho. O ‘risco Brasil‘ hoje é muito maior, os juros são maiores, então tem que refazer e atualizar as análises internas”, afirmou outra fonte.
O BNDES detém 74,55 milhões de ações ordinárias da Eletrobras diretamente e 71,96 milhões por meio de seu veículo de investimento BNDESPar. Procurado pela Suno para comentar sobre o assunto, o banco não respondeu até o fechamento da matéria.
Itaú BBA: risco limitado e potencial de valorização de 47%
Após receber inúmeros questionamentos se o governo federal eleito poderia reverter a privatização da Eletrobras ou prejudicar a empresa, o Itaú BBA afirma que o risco é limitado, improvável.
Desta forma, o banco reitera recomendação outperform (equivalente à compra) para ações ordinárias da empresa elétrica, com preço-alvo de R$ 61,60. O valor representa um potencial de valorização de 47,6% em relação a cotação de ontem em R$ 41,74.
A Eletrobras é agora uma empresa privada e uma verdadeira corporação, pois o poder de voto de qualquer acionista, incluindo o governo federal, é limitado a 10%.
Além disso, os analistas do Itaú BBA enxergam catalisadores positivos de curto prazo para as ações da Eletobras:
- a contratação de gestores qualificados para posições-chave, como o negócio de comercialização de energia;
- eventual liquidação de contingências em valor inferior ao registrado em seu balanço;
- venda de ativos;
- simplificação da estrutura acionária, resultando em menor custo e maior agilidade na utilização dos créditos tributários.
“Terminado o mandato, nova eleição será realizada, mas o governo federal participará da discussão da nova diretoria, com apenas 10% dos votos. Os acionistas minoritários terão, portanto, mais poder do que o governo federal para escolher a nova diretoria”, destacam os analistas.
Cotação Eletrobras
As ações da Eletrobras fecharam em perto da estabilidade, em leve alta de 0,09% quarta-feira (14), negociadas a R$ 41,98. Nos últimos doze meses, o papel ELET3 apresentou uma valorização de 23,29%.