O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, deve continuar em 2021 sua política de desinvestimento feita no ano passado com base na venda de ações. A diretora de finanças do banco Bianca Nasser, em entrevista ao Valor Econômico transmitida ao vivo nesta segunda (25), afirmou que a movimentação contribuiu para que a instituição tivesse um resultado positivo em 2020.
Nasser pontuou que o BNDES teve um bom desempenho, apesar da crise, nos três primeiros trimestres de 2020 e que, mesmo faltando a consolidação, o resultado do quarto trimestre deve seguir a mesma tendência, principalmente por conta da venda de ações da Suzano (SUZB3), que movimentou cerca de R$ 6,91 bilhões.
Petrônio Cançado, diretor de crédito, disse acreditar que os processos de desinvestimentos formam o melhor caminho para o órgão. Segundo ele, a carteira do BNDES diferia de todos os outros bancos de investimento do mundo ao deixar parte considerável do capital presa em grandes companhias e estatais. Com a medida anticíclica, em que vende boa parte das ações enquanto o mercado quer comprar, o banco vem realocando parte do capital para outros setores, como por exemplo sua carteira de crédito.
BNDES deve assumir mais riscos em 2021
Em 2020, os desembolsos do BNDES ficaram em mais de R$ 60 bilhões, com uma demanda maior em um contexto de crise. Os impactos na economia, segundo a diretoria, foram de mais de R$ 150 bilhões. Apenas com o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito, o Peac, foram desembolsados mais de R$ 20 bilhões. O projeto foi extinto no final de 2020 mas a instituição estuda lançar outro no mesmo caminho.
O BNDES deve assumir mais riscos em 2021, principalmente no que tange investimentos em infraestrutura, diminuindo as exigências quanto a fianças bancárias diretas como garantia por parte dos controladores de projetos. Segundo a diretoria, o banco teria condição de diminuir o volume de garantias por conta do cenário de juros mais baixos e pelo fato de que, antigamente, o banco de desenvolvimento era o único a oferecer taxas mais razoáveis no longo prazo.
Segundo os diretores, o BNDES deve voltar a discutir em breve os valores a serem devolvidos ao Tesouro em 2021, o que foi interrompido no último ano por conta da pandemia. A volta, apesar de tirar dinheiro dos caixas do banco, é vista como positiva pela diretoria por dar ao mercado uma maior transparência e previsibilidade das operações.