Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou a investidores que vai esperar a oferta pública inicial de ações (IPO) da Saudi Aramco para decidir o que fará com a participação que o banco tem na Petrobras (PETR3; PETR4).
As declarações foram dadas no CEO Forum do Bradesco BBI em Nova York. O presidente do BNDES não quis falar sobre o cronograma de vendas da carteira da BNDESPar nem a venda de ações da JBS, alegando restrições legais e regulatórias.
Montezano comentou sobre o último leilão do pré-sal, chamando-o de “desastre”. Disse que é necessário rever o formato dos leilões da cessão onerosa e da partilha de produção “o mais rápido possível”, no entanto, não deu detalhes.
Quanto à devolução de recursos para o Tesouro Nacional, o executivo acredita que seja possível para o banco direcionar cerca de R$ 200 bilhões até o final de 2022. Montezano salientou o plano de mudar o foco do BNDES para o papel social no lugar da geração de dividendos e competição com bancos privados na concessão de crédito.
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“Em termos de alocação de capital, cada vez mais vamos nos distanciar de sermos o agente primário, rumo ao papel de facilitador dos fluxos financeiros”, afirmou Montezano. Ele ressaltou também a maior preocupação dos investidores com questões sociais e ambientais e como isso é benéfico para bancos de desenvolvimento, como o BNDES, criando demanda.
BNDES projeta desinvestimentos
Montezano, após seu discurso, passou cerca de trinta minutos respondendo a perguntas dos investidores. Sobre os planos do banco para a carteira da BNDESPar, afirmou que o banco vai adotar métricas “mais razoáveis” para o preço justo quando decidir sobre desinvestimentos, além do fluxo de caixa descontado que já empregava.
Deste modo, o banco pretende adotar uma abordagem caso a caso para cada uma das participações a serem vendidas. “Não podemos enfrentar a carteira inteira do mesmo jeito.”
Ele salientou que o BNDES tem quatro formas de vender participações:
- pela mesa de operações, gradualmente
- em bloco
- por meio de ofertas
- por operação privada – a última é a mais demorada.
Perguntado se o banco estatal de investimentos pensa em fazer alguma operação a mais este ano, além da JBS (JBSS3), o executivo disse que “se houver janela, pode acontecer neste ano ou não.”
No entanto, ele considera que uma janela se abriu com condições mais favoráveis no País, o que levou à decisão de seguir adiante com a venda de ações da JBS. Dependendo de como o mercado reagir, disse ele, o BNDES também pode desacelerar o processo.
Montezano não quis comentar o montante que pode ser arrecadado com a venda das ações da JBS, revelada no início desta semana, citando preocupações legais e regulatórias.
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No início, foi cogitado que a operação levantaria R$ 4,6 bilhões, no entanto, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, escreveu na última quarta-feira (20), na sua conta pessoal do Twitter, que o BNDES poderia vender até R$ 8 bilhões.