Confronto na Venezuela: Blindados do governo Maduro avançam contra manifestantes
Veículos blindados do governo de Nicolás Maduro avançavam contra opositores do regime chavista nesta terça-feira (30), na Venezuela. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram pessoas correndo para não serem atropeladas por blindados antidistúrbio da Guarda Nacional Bolivariana.
VIDEO (Graphic): Venezuelan military vehicle drives into a group of protesters on a highway. – @aletweetsnews pic.twitter.com/Dryf3iW3FP
— Conflict News (@Conflicts) 30 de abril de 2019
Há protestos e conflitos no país. Grupos pró-Guaidó e pró-Maduro se enfrentam nas ruas de Caracas. Um chefe militar da Venezuela declarou à “AFP” que diante da situação “é possível que ocorra um banho de sangue”.
Segundo a agência, um grupo de apoiadores de Maduro está concentrado em frente ao Palácio Miraflores. Eles carregam cartazes e gritam palavras de ordem a favor do chavista.
Protestos são registrados nas cidades de Maracaibo e San Cristóbal, no oeste da Venezuela. Além disso, as redes sociais no país estão funcionando com instabilidade e a energia elétrica está comprometida em muitas partes do país.
Guaidó anuncia apoio das forças armadas
Os conflitos começaram depois que o presidente autoproclamado Juan Guaidó anunciou que tinha o apoio dos militares contra Maduro. Guaidó convocou a população às ruas e ameaçou depor o chavista do poder na Venezuela.
Pueblo de Venezuela inició el fin de la usurpación. En este momento me encuentro con las principales unidades militares de nuestra Fuerza Armada dando inicio a la fase final de la Operación Libertad.
— Juan Guaidó (@jguaido) 30 de abril de 2019
Guaidó estava acompanhado de Leopoldo López, companheiro político dele e também integrante da liderança opositora. López fugiu da prisão domiciliar.
Com a convocação feita por Guaidó, cerca de 3 mil venezuelanos foram às ruas apoiar o líder que estava em uma base das forças armadas.
11:56 am. Caracas. Opositores lograron tumbar rejas de seguridad de base aérea La Carlota. No hay ninguna “toma” de la base aérea. pic.twitter.com/ppeASrNx6n
— Patricia Villegas Marin (@pvillegas_tlSUR) 30 de abril de 2019
Maduro responde
Nicolás Maduro respondeu à declaração dada por Guaidó nesta terça. O chavista afirmou estar convicto da lealdade das forças armadas a seu regime.
“Nervos de aço! Conversei com os comandantes de todas as Redi (Regiões de Defesa Integral) e Zodi (Zonas de Defesa Integral) do país, que me manifestaram sua total lealdade ao povo, à Constituição e à Pátria. Convoco a máxima mobilização popular para assegurar a vitória da paz. Venceremos!”, tuitou o presidente da Venezuela.
¡Nervios de Acero! He conversado con los Comandantes de todas las REDI y ZODI del País, quienes me han manifestado su total lealtad al Pueblo, a la Constitución y a la Patria. Llamo a la máxima movilización popular para asegurar la victoria de la Paz. ¡Venceremos!
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) 30 de abril de 2019
De encontro à declaração de Maduro, o ministro da defesa, Vladimir Padrinos, confirmou que as forças militares seguem fiéis ao governo de Nicolás Maduro. “A Fanb se mantém firme na defesa da Constituição Nacional e de suas autoridades legítimas”, publicou ele no Twitter.
La FANB se mantiene firme en defensa de la Constitución Nacional y sus autoridades legítimas. Todas las unidades militares desplegadas en las ocho Regiones de Defensa Integral reportan normalidad en sus cuarteles y bases militares, bajo el mando de sus comandantes naturales.
— Vladimir Padrino L. (@vladimirpadrino) 30 de abril de 2019
Além disso, o vice-presidente de comunicações de Juan Guaidó, Jorge Rodríguez, confirmou que alguns grupos de militares fizeram oposição ao chamado do líder autoproclamado.
Saiba Mais: Venezuela: Maduro afirma ter total lealdade de militares
Informamos al pueblo de Venezuela que en estos momentos estamos enfrentando y desactivando a un reducido grupo de efectivos militares traidores que se posicionaron en el Distribuidor Altamira para promover un Golpe de Estado contra la Constitución y la paz de la República… 1/2
— Jorge Rodríguez (@jorgerpsuv) 30 de abril de 2019
Bolsonaro convoca reunião de emergência
Diante da crise, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião com o vice-presidente, general Hamilton Mourão, e ministros para tratar sobre a situação da Venezuela. O encontro estava previsto para esta terça às 12h30.
Estarão presentes o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O encontro não estava previsto na agenda de Bolsonaro. Entretanto, ministros foram convocados depois que Juan Guaidó ameaçou depor Nicolás Maduro do poder na Venezuela.
Sobre a situação, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou que “não tem mais volta” a queda de Nicolás Maduro do comando da Venezuela.
O vice-presidente afirmou, ao blog do Valdo Cruz, do G1, que foi “dado um passo decisivo” para a saída de Maduro do poder. “As movimentações de hoje na Venezuela são um passo decisivo para queda de Maduro, não tem mais volta”, afirmou.
“Não tem mais volta, o clima se agravou, ou ele sai ou o país entra em convulsão, que é tudo que não queremos. Queremos a volta da democracia, pelo caminho diplomático”, disse o vice-presidente brasileiro.
O presidente também se manifestou sobre a crise no país vizinho. No Twitter, Bolsonaro se solidarizou com o povo venezuelano. Além disso, ele também ressaltou o apoio de partidos de esquerda brasileiros ao chavista.
O Brasil se solidariza com o sofrido povo venezuelano escravizado por um ditador apoiado pelo PT, PSOL e alinhados ideológicos. Apoiamos a liberdade desta nação irmã para que finalmente vivam uma verdadeira democracia.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 30 de abril de 2019
Juan Guaidó autoproclamado presidente
O líder oposicionista Juan Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro deste ano. O então presidente da Assembleia Nacional tomou a decisão alegando fraudes no pleito que reelegeu Maduro para o segundo mandato.
A oposição acusa o presidente chavista de usurpação do poder. Guaidó conseguiu o amplo reconhecimento da comunidade internacional. Países como os Estados Unidos e o Brasil consideram-no como líder da Venezuela.
Crise na Venezuela
Em meio a disputa pelo poder, o país entrou em uma profunda crise econômica. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a inflação na Venezuela chegue a 10000000% em 2019. Além disso, a previsão é de que a economia encolha 25% neste ano.
Os reflexos nos preços dos produtos e serviços têm como consequência um cenário de miséria e fome no país. Dessa forma, mais de 3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela nos últimos anos.
A comunidade internacional ofereceu ajuda humanitária com cargas de alimentos e remédios a Juan Guaidó. Entretanto, Maduro proibiu a entrada dos produtos fechando as fronteiras com o Exército.