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BlackRock mostra otimismo com o Brasil, mas vê populismo como risco

BlackRock

BlackRock. Foto: Bess Adler/Bloomberg

A despeito de prever um cenário no qual os mercados emergentes correm mais risco de piora – ainda que leve – no ritmo de crescimento na próxima década, a BlackRock, maior gestora do mundo, com US$ 9 trilhões em ativos, está otimista com o Brasil.

A visão da BlackRock é de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu os desafios do País e está trabalhando para colocá-lo nos trilhos, o que significa dar atenção aos problemas fiscais e regulatórios como o complexo sistema tributário. Ele ressalva que os emergentes têm de evitar medidas populistas.

“Não há razão para que o Brasil não possa voltar e crescer de forma muito agressiva novamente. Mas a realidade é que o cenário hoje é mais desafiador. E, como resultado disso, mais esforço é necessário”, avalia o líder de renda fixa para mercados emergentes da BlackRock, Amer Bisat, ao comentar estudo da gestora sobre mercados emergentes, publicado ontem.

Para Bisat, não só no Brasil, mas nos governos da região, a adoção de medidas para turbinar a economia no curto prazo soa como uma “resposta fácil”, mas pode ser um “vento contrário” para o crescimento no longo prazo. Nos últimos anos, a região foi palco do aumento do populismo e da polarização em meio a anos de baixa atividade e aspirações frustradas, em especial, da classe média.

No Brasil, a polarização vista nos últimos anos ultrapassou níveis de países como EUA e México, mostra o documento. “É fácil ver o populismo como uma resposta fácil. Emprestar mais, gastar mais. E esse é um desafio que os governos em mercados emergentes necessitam enfrentar e lidar porque não há resposta fácil. Pode ser fácil, mas não é sustentável”, diz.

O desafio dos mercados emergentes é justamente fazer o contrário, priorizando medidas qualitativas e que ambicionem um crescimento sustentável no longo prazo, segundo Bisat. É justamente para onde a BlackRock olha quando toma as suas decisões de investimento. “Não invisto olhando para o curto prazo, mas para o longo prazo. Então, vou procurar ações de empresas e títulos soberanos que estejam pensando no longo prazo”, explica.

A BlackRock vê os mercados emergentes com mais riscos de piora – ainda que leve – do que de melhora no ritmo de crescimento nos próximos dez anos. O seu cenário prevê que a expansão de capital continue estacionada em 2,2% em 2030, mesmo nível de 2019.

Para a produtividade desse conjunto de países, a projeção é de alta de 1,4%. Em termos de potencial de crescimento de empregos, porém, prevê uma desaceleração. Por sua vez, a maior gestora de recursos do mundo não vislumbra uma aceleração de reformas estruturais que leve a uma maior eficiência nos mercados emergentes.

Potencial e problemas apontados pela BlackRock

Nem todos os países da região estão predestinados a entregar um baixo crescimento à frente. O Brasil é um deles, com “enorme potencial”, mas com dois problemas centrais, na visão de Bisat. O primeiro é o fiscal e sua elevada dívida, pautando a agenda do País. Em segundo lugar, o marco regulatório que afugenta o setor privado, em especial, o sistema tributário brasileiro.

Apesar de se dizer “empolgado” e repetir que está “otimista” com o Brasil, Bisat adiciona a palavra “realista” em sua análise. O mundo mudou. Há mais desafios hoje para os mercados emergentes do que no passado. Portanto, é difícil prever forte ingresso de capital na região, considerando pressões de desglobalização, níveis crescentes de endividamento e taxas de juros mais altas ao redor do mundo.

A ótica de investimento para mercados emergentes é foco do estudo capitaneado por ele ao lado da especialista Karen Leiton, no qual defendem uma nova mentalidade de investimento para a região. É o que chamam de “Mercados Emergentes 2.0“. A teoria tem como pilares diferenciação, diversificação, retorno, qualidade, gestão de risco disciplinada e pesquisa rigorosa.

Os mercados emergentes foram uma história de altos e baixos, segundo a BlackRock. De “terra prometida”, os ativos da região perderam força após a crise financeira internacional e a covid. No cenário atual, continuam atraentes, mas as regras do jogo mudaram. “Está na hora de começarmos a pensar em comprar títulos de dívida de empresas no Brasil. Há muitos nomes interessantes, rentáveis, eficientes e com baixo nível de dívida”, diz, sem citar nomes.

(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo)

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