Black Friday puxa vendas do varejo em novembro em +2,9%
As vendas do comércio varejista em novembro registraram alta de 2,9% em comparação com outubro.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento das vendas do varejo foi registrado após duas quedas seguidas do setor. Segundo os analistas, esse resultado positivo foi impulsionado pela Black Friday.
O comércio varejista registrou um crescimento de 4,4% em comparação com novembro de 2017. Por sua vez, no acumulado até novembro, a alta foi de 2,5%, enquanto nos últimos 12 meses foi de 2,6%.
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Seis das oito atividades pesquisadas pelo IBGE registraram alta em novembro. Em particular, foram destaque os artigos de uso pessoal e doméstico (6,9%), móveis e eletrodomésticos (5%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,8%). Todos esses itens fizeram parte de promoções anunciadas em novembro durante a Black Friday.
Por sua vez, no comércio varejista ampliado, o avanço foi de 1,5% em relação a outubro. O comércio varejista ampliado inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção. Nesse segmento, ao aumento em relação a novembro 2017 foi de 5,8%, a 18ª taxa positiva seguida. Por sua vez o acumulado no ano ficou em 5,4%, e nos últimos 12 meses o aumento registrado foi de 5,5%.
Veja o desempenho de cada segmento:
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 6,9%
- Móveis e eletrodomésticos: 5%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 2,8%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 1,7%
- Tecidos, vestuário e calçados: 1,7%
- Combustíveis e lubrificantes: 0,1%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -1,9%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -0,2%
- Veículos, motos, partes e peças: -2,2%
- Material de construção: -0,7%
Melhor resultado da série histórica
Segundo a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, este foi o melhor resultado para um mês de novembro na comparação com outubro desde o início da série histórica em 2000.
“O patamar atual de vendas está próximo de junho de 2015. Ele coloca o comércio na menor distância do pico da série histórica desde então. Porém, mesmo com esse avanço importante, ainda está 5,1% abaixo do recorde, que foi em outubro de 2014″, explicou Nunes.
Na comparação mensal, mês contra mês anterior, foi o segundo maior resultado da série. Novembro 2018 ficou atrás apenas de janeiro de 2017, que em comparação com dezembro de 2016 registrou alta de 4%.
“Isso serve para mostrar que não se trata de um resultado comum. É difícil vermos nos serviços um crescimento mensal superior a 2%”, explicou Nunes.
Para a pesquisadora, a alta registrada em novembro está diretamente ligada com os resultados positivos registrados na Black Friday. “Percebemos a influência desse evento quando observamos os resultados setorialmente. Os resultados mais fortes foram de atividades cujas receitas são estimuladas pelas vendas online, principal motor da Black Friday”, afirmou Nunes, “Quem mais influenciou o resultado positivo foram justamente as atividades mais sensíveis às promoções da Black Friday. São atividades que têm uma concentração de empresas que se beneficiam mais das vendas online, que é o foco das promoções de novembro. Observamos isso em relação a outubro, mas também com relação a novembro do ano passado”.
Resultados conflitantes no longo prazo
Entretanto, apesar da alta expressiva registrada em novembro, no acumulado de 12 meses, os resultados foram conflitantes. O comércio varejista manteve a trajetória de declínio iniciada em abril do ano passado.
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Por exemplo, o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria registrou a 7ª queda mensal consecutiva, -1,9%. O setor está amargando uma contração de 13,1% nas vendas no acumulado do ano. Na comparação mensal, em outubro a queda nas vendas chegou a 20,4%, o pior resultado entre todos os segmentos pesquisados.
Segundo Nunes, esse resultado do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria foi provocado pela própria tendência do setor. O setor está perdendo espaço por causa da substituição do meio impresso pelo eletrônico. E isso provoca o fechamento de muitas lojas físicas.
Além disso, por causa do desemprego elevado e resistente, a economia brasileira está mostrando um ritmo de recuperação ainda lento. Entretanto, nos últimos meses o otimismo de consumidores e empresários está registrando melhoras.
Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o sentimento de confiança no setor cresceu em dezembro. O índice atingiu o maior patamar em mais de 5 anos. Por sua vez, a confiança do consumidor avançou para o nível mais alto desde abril de 2014.
O resultado das vendas do varejo em novembro está em linha com o processo de recuperação da economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8% no 3º trimestre de 2018. Segundo o Boletim Focus divulgado essa semana pelo Banco Central, as previsões para 2019 são de uma alta de 2,57% do PIB.