A Black Friday, um dos principais períodos de vendas do setor varejista no ano, também é um gatilho para a valorização de suas ações. Analisando as pesquisas de previsão para o evento neste ano, a XP Investimentos manteve visão neutra para o setor. O mercado prevê a data deste ano mais morna para as empresas, com menor volume de vendas, estoques reduzidos e pressão inflacionária. A XP discorda: “Talvez não seja tão ruim quanto o esperado”.
As principais varejistas — Via (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) — já estão com uma estratégia ativa de distribuir as promoções ao longo do mês de novembro. A XP vê a estratégia como uma maneira de evitar o pico do custo de aquisição de clientes durante o final de semana pós-Black Friday (27 e 28 de novembro).
A Black Friday da Americanas oferecerá a clientes promoções no aplicativo, no site e nas lojas físicas, com 50% de cashback em pagamentos feitos por meio da Ame Digital.
Para a Black Friday do Magazine Luiza, foi reforçado o estoque de produtos premium e projetada uma demanda volumosa para a categoria. A varejista construiu um volume de estoque superior ao do ano passado para a data e ambiciona torná-la a maior de sua história.
A Casas Bahia e o Ponto, do grupo Via, anunciaram uma campanha especial para renegociação de dívidas, que dará até 90% de desconto para clientes com o carnê em atraso e a possibilidade de parcelar em até 36 meses. A campanha será válida até o dia 30.
Além disso, a XP destacou como importantes as seguintes medidas:
- oferta de cupons exclusivos pré-Black Friday da Via, focados nos aplicativos;
- Frete grátis e entrega em até 3 horas da Americanas para produtos selecionados e realização de uma live-commerce especial no dia 11 de novembro, no app Americanas;
- SuperApp Magalu com até 70% de desconto na categoria de vestuário e a campanha do “Cashback do Milhão” para os usuários do MagaluPay;
- Hora Black, do Mercado Livre (MELI34), com ofertas exclusivas diariamente às 13h.
Apesar de vendas recordes, Black Friday pode ter receita reduzida
As pesquisas mostram, no entanto, que mesmo com vendas recordes, a Black Friday deste ano pode apresentar receita reduzida.
“Esperamos que a Black Friday apresente vendas melhores que o esperado, impulsionada principalmente por preços e um mix mais premium. Ainda assim, enxergamos um risco em relação à rentabilidade, com a Magalu inclusive provisionando R$ 395 milhões em estoques, que devem ser diluídos ao longo do 4T, devido à maior competição e um consumidor mais fragilizado diante da deterioração macroeconômica”, disseram os especialistas da XP.
Segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a data comemorativa deve movimentar R$ 3,93 bilhões neste ano. Se descontada a inflação acumulada em 12 meses, a receita do varejo com a data deve encolher 6,5% ante 2020.
“No geral, esperamos que a demanda venha, uma vez que a intenção de compra dos consumidores permanece elevada, apesar de enxergarmos um risco do lado de rentabilidade, dado que acreditamos que a conversão de vendas só ocorrerá se os preços e promoções se mostrarem atrativos. Com isso, mantemos nossa visão cautelosa para o segmento de e-commerce, enquanto os resultados das empresas de vestuário podem ser uma surpresa positiva”, conclui a previsão de Black Friday da XP.