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63% dos Bitcoin do mundo está concentrados em 0,04% das contas

A popularização das criptomoedas tem forçado governos e bancos centrais a correrem para criar regulamentação

A popularização das criptomoedas tem forçado governos e bancos centrais a correrem para criar regulamentação. Foto: Pixabay

Uma grande riqueza concentrada em poucas mãos. Isso é o que aparece ao analisar o blockchain dos Bitcoin do mundo inteiro.

 

Segundo dados obtidos no site bitinfocharts.com, os endereços – aos quais, em geral, estão atrelados as “carteiras” digitais – com um portfólio de 100 a um milhão de Bitcoin são 16.049. Ou seja: 0,04% do total.

Uma pequena porcentagem de “endereços” que detém cerca de 63% de toda a massa de criptomoeda em circulação no mundo.

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Em dólares, isso significaria uma riqueza de US$ 434,7 bilhões (cerca de R$ 2,5 trilhões).

Essa situação de aparente extrema desigualdade parece um paradoxo.

O Bitcoin que reivindica a democratização e descentralização das finanças está hoje nas mãos de muito poucos.

Na realidade, não há contradição.

A impostação básica da criptomoeda, conforme descrito no “livro branco” de Satoshi Nakamoto, suposto fundador do Bitcoin não tem nada a ver com a ideia de redistribuição de riqueza.

O recurso de descentralização significa que o Bitcoin não é gerenciado por um órgão central que controla suas operações. Todos os nós da rede, os computadores, realizam esta atividade.

Além disso, de acordo com especialistas, o Bitcoin pode ser dividido em até cem milionésimos de uma parte.

Pois, em tese, mesmo quem tem pouca riqueza pode operar com ele.

Antigos garimpeiros com foco no longo prazo

Além disso, os dados sobre os detentores do Bitcoin devem ser avaliados com mais profundidade.

Antes de mais nada é preciso lembrar que várias dessas carteiras foram criadas anos atrás quando a criptomoeda estava em valores muito distantes dos atuais. Portanto, era mais fácil comprá-la.

Muitos dos compradores da época eram movidos mais pelo compartilhamento do ideal da criptoeconomia do que pela procura de lucro. E, por isso, mantiveram o criptoativo e agora detêm “carteiras” bilionárias.

Ou seja, quem chegou antes, antecipou o mercado e saiu ganhando muito.

Além disso, a mesma atividade de validação de transação exigiu na época muito menos poder computacional do que hoje para resolver o problema matemático subjacente ao algoritmo de consenso.

Com isso, os garimpeiros da época, que muitas vezes possuíam Bitcoin, também se encontram na posse de carteiras importantes hoje.

Resumindo, a mensagem é: a concentração da criptomoeda nas mãos de poucos também é, e acima de tudo, o efeito do próprio modelo Bitcoin.

Um criptoativo que, tendo se tornado uma reserva de valor, é mantido ao longo do tempo por aqueles que, inspirados por um ideal e olhando no longo prazo, o adquiriram no passado.

No entanto, é inegável que a criptomoeda não seja tão distribuída.

Corretoras digitais concentram muitos ativos

Além disso, observando as principais carteiras em termos de valor, aparece evidente que nem todas são tão antigas.

Muitas delas são s chamadas “carteiras frias” de plataformas de câmbio centralizadas. Corretoras de Bitcoin.

Ou seja, carteiras nas quais são depositados os criptoativos de pessoas físicas que desejam negociar nos sites de trading.

Esses investidores movimentam Bitcoin de suas carteiras privadas para as carteiras dessas empresas para poderem operar. Só que muitas vezes eles acabam mantendo o criptoativo no portfólio dessas empresas. Elevando o valor do montante total sob custódia.

Por isso não é surpreendente que o endereço mais rico, de acordo com bitinfocharts.com, seja atribuível à carteira da maior plataforma de câmbio centralizada (Binance).

Esse mesmo endereço tem a data do primeiro movimento registrada no dia 18 de outubro de 2018.

O mundo das baleias dos Bitcoin

Nesse sentido, o banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs, publicou recentemente uma análise que confirma amplamente o tema da concentração de Bitcoin.

O documento destacou a presença das chamadas “baleias” no mercado do criptoativo.

Ou seja, endereços onde grandes quantidades da moeda digital podem ser rastreadas, que representariam cerca de 28% de todo o mercado da cripto.

Os dados são relevantes e levam a um questionamento: considerando o fato do mercado de Bitcoin continuar sendo de nicho, quais são os impactos sobre os preços quando as “baleias” se movem?

O risco é que os preços subam numa montanha russa no curto prazo.

Um problema que poderá ser resolvido somente ampliando a capitalização de mercado do Bitcoin. Mas isso vai demorar ainda o tempo necessário a terminar a mineração da criptomoeda.

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