O Bitcoin atingiu sua máxima histórica em reais na última quarta-feira (21). A mais movimentada criptomoeda do planeta é negociada a R$ 72,8 mil, ultrapassando o pico atingido no final de 2017. O último movimento de alta pôde ser observado após o anúncio do PayPal (NASDAQ: PYPL), de que passará a aceitar a criptomoeda em sua plataforma.
A máxima histórica do Bitcoin no Brasil foi estimulada pela desvalorização do real frente ao dólar neste ano — a moeda dos Estados Unidos se valorizou quase 40% frente à moeda brasileira no período. Na moeda norte-americana, a criptomoeda é negociada a US$ 12,9 mil, abaixo dos US$ 19,6 mil de três anos atrás.
O PayPal, fundado em 1998 pelo empresário e bilionário Elon Musk, disse na última quarta-feira que passaria a permitir o uso do Bitcoin para pagamento de comerciantes, a partir do início de 2021. Segundo o comunicado do PayPal, os usuários da plataforma poderão comprar Bitcoin, bem como outros criptoativos, como Ethereum, Bitcoin Cash e Litecoin.
O anúncio da empresa é entendido pelo mercado como um sinal de adoção mais amplo a alternativas às moedas fiduciárias tradicionais, como o dólar. Após a comunicação da empresa, o preço da moeda digital subiu 5%.
Uma criptomoeda é dinheiro virtual comercializado sem tarifas, entre duas partes e de forma totalmente on-line, sem envolvimento de bancos tradicionais e sem supervisão regulatória por parte dos governos.
A eficiência, velocidade e resiliência das criptomoedas oferecem às pessoas inclusão financeira e vantagens de acesso, afirmou o presidente e CEO do PayPal, Dan Schulman. Segundo ele, a eventual mudança de moedas físicas para ativos digitais é “inevitável”.
“Nosso alcance global, experiência em pagamentos digitais, rede bilateral e controles rigorosos de segurança e conformidade nos fornecem a oportunidade e a responsabilidade de ajudar a facilitar a compreensão, resgate e interoperabilidade desses novos instrumentos de troca”, afirmou o executivo em nota.
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) impulsionou a indústria de pagamentos on-line nos últimos meses, beneficiando empresas como PayPal, Square (NASDAQ: SQ) e Venmo — que pertence ao PayPal –, uma vez que muitos consumidores passaram a preferir não utilizar o dinheiro físico por conta da doença.
O PayPal não é a única grande empresa que aposta em criptomoedas. A Square já investiu US$ 50 milhões para comprar mais de 4,7 mil Bitcoins no início de outubro. A CFO da empresa, Amrita Ahuja, disse a repórteres na época que a empresa acredita que o Bitcoin poderia ser uma “moeda mais onipresente no futuro”.
Bitcoin e moedas digitais no radar do Fed
No início desta semana, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, endossou a indústria de moedas digitais, dizendo que podem existir benefícios em uma versão digital do dólar americano. A declaração foi dada em um evento organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O Fed estava entre vários bancos centrais que, em conjunto, apresentaram um plano para o futuro das moedas digitais algumas semanas atrás.
O Banco Popular da China foi um dos primeiros no uso de uma moeda digital, pressionando para fazer o yuan mais de uma moeda global. A segunda maior economia do planeta realizou um teste de uma moeda digital na última semana, de acordo com relatórios governamentais.
Powell, todavia, disse que os desafios de criar um dólar virtual incluem a ameaça de ataques cibernéticos, implementação de política monetária e combate a atividades ilícitas. “Não tomamos a decisão de emitir uma [moeda digital] e achamos que há muito trabalho a ser feito antes de tomar essa decisão”, disse o presidente do Fed.
O presidente do Fed disse que enxerga as moedas digitais, como o Bitcoin, como um complemento à moeda física, e não como substituto.