A recente parceria anunciada entre o Vasco e a empresa “Mercado Bitcoin” catalisou novamente as atenções do público pela criptomoeda mais famosa do mundo.
O Bitcoin acabou de fazer 12 anos no começo de novembro, e aparentemente está voltando novamente às alturas.
A criptomoeda inventada por Satoshi Nakamoto em 2008 está sendo negociada nos mercados em volta de US$ 16 mil (cerca de R$ 96 mil). Um nível próximo ao pico de 2019, e pouco longe da máxima de 2017.
No caso do acordo do Vasco, o clube carioca recebeu R$ 10 milhões pela pré-compra de 20% dos tokens de Bitcoin que serão criados na base dos mecanismos de solidariedade de 12 jogadores vascainos.
Tokens, também conhecidos como moedas alternativas, são projetos privados em que o criador oferece um tipo de “fichas” para quem investe, prometendo normalmente altos retornos.
Uma maneira muito mais simples de arrecadar fundos sem ter que se submeter às regras rígidas de listagem na Bolsa de Valores, podendo captar dinheiro até mesmo por crowfunding.
Criptomoedas e seu universo
Mas o universo das criptomoedas é muito mais complexo do que o simples Bitcoin. Tendendo quase ao infinito.
Até o momento, existem mais de 3.600 criptomoedas diferentes em circulação. E isso, apesar de 2018 e 2019 foram anos difíceis, em que mais de 80% dos lançamentos, ou Ofertas Iniciais de Moedas (ICOs), foram cancelados.
Mas, por mais imenso que seja o mundo das criptomoedas, no final o Bitcoin representa 60% de todo o mercado.
Se adicionarmos o Ethereum e o Tether, respectivamente segunda e terceira posição, aparece claro que três criptomoedas ocupam 75% do mercado atual.
Vasco e Bitcoin
Além da difusão, uma das razões que levaram o Vasco a escolher o Bitcoin entre todas as criptomoedas foi que o ativo pode ser adquirido tanto em termos de negociação de curto prazo quanto no espírito de investimento.
A difusão desse instrumento de pagamento chegou ser tamanha que na semana passada o Paypal anunciou que começaria a aceitar pagamentos também em Bitcoin, Bitcoin cash, Ethereum e Litecoin. Mas isso somente a partir de 2021 e por enquanto apenas para clientes dos Estados Unidos.
Mas o Bitcoin também tem suas flutuações, muitas vezes repentinas demais. E isso é diretamente ligado a sua natureza.
Se há apenas 5 anos a criptomoeda valia cerca de US$ 300, em 2017 chegou ao pico máximo de quase US$ 20 mil, para cair novamente por volta de US$ 3,5 mil menos de um ano e meio depois, e voltar para o patamar atual de US$ 15,5 mil.
Uma volatilidade extrema que poderia ter consequências graves para um clube, como o Vasco, que precisa em primeiro lugar de planejamento de médio-longo prazo.
Além disso, é necessário lembrar que a criptomoeda mesmo sendo digital é limitada. Um oximoro, considerando que normalmente o que é digital também é ilimitado.
Entretanto, os Bitcoins têm um número máximo que poderá ser alcançado na “mineração”. Além desse montante, não poderão ser criados mais ativos.
E, por último, os Bitcoins têm uma “data de validade” fixada em 2140. Isso significa que a mineração vai acabar naquele ano, não podendo ser produzidos mais Bitcoins.
Mas, no final das contas, o que mais contribui para a volatilidade da criptomoeda é o fato de seu valor não depender somente da demanda e das oferta, mas sobretudo da confiança que a sociedade coloca no ativo.
Em torno do Bitcoin ainda existe uma nuvem de incerteza e confusão, o que contribui para aumentar o mistério, encorajando muitas vezes uma “nova corrida do ouro digital”.
Vamos ver se o Vasco vai saber usar a criptomoeda como instrumento para organizar melhor suas contas – lembrando que o dinheiro obtido pelos tokens foi utilizado para pagar salários atrasados – ou vai cair nessa “armadilha do Bitcoin”.