O Bitcoin superou a marca dos US$ 50 mil (cerca de R$ 270 mil) na semana passada. A criptomoeda continua em seu momento de alta histórica.
Desde o começo do ano, a cotação do Bitcoin subiu 75%, após o recorde do ano passado de US$ 20 mil, realizado em dezembro.
Um valor que, nos níveis atuais de preço, parece distante anos-luz. Assim como parecem os US$ 10 mil que o mercado pagava para cada unidade da criptomoeda até setembro do ano passado.
Níveis aparentemente pre-históricos, mesmo se passaram somente seis meses desde então. Mas a valorização foi superior a 370%.
O preço está subindo tão rápido que quase não dá tempo para o mercado se consolidar. Fazer aquela “parada técnica” nas cotações, considerada saudável pelos especialistas para que as médias móveis se aproximem da parábola desenhada pelo preço atual.
Entretanto, o fluxo de notícias no curto prazo ajuda a empurrar o preço do Bitcoin para cima.
Em outubro passado o Paypal anunciou de que incluiria a criptomoeda entre as formas de pagamentos para os usuários norte-americanos a partir de 2021.
E quando parecia que o preço poderia se consolidar por volta dos US$ 30-35 mil, chegou a notícia bomba do anúncio da Tesla (TSLA34) de investir US$ 1,5 bilhão em Bitcoin.
Isso gerou outro “pump” das ações, com a dúvida se outras empresas imitassem a Tesla.
Uma pergunta que os investidores estão se fazendo, cientes de que as empresas do S&P 500 possuem – sozinhas – uma liquidez de US$ 2,8 trilhões. E que estão procurando desesperadamente ativos para alocar esse valor todo.
Bancos mudaram de opinião sobre Bitcoin
Por isso, desde o final do ano passado se sucederam uma série de relatórios positivos de bancos de investimento e operadores financeiros tradicionais que elevaram as avaliações do Bitcoin, projetando-as – como no caso do Citigroup (CTGP34) – em até US$ 300 mil até o final de 2021.
O banco de investimento JP Morgan (JPMC34), por sua vez, chegou a mudar completamente de opinião sobre a criptomoeda.
Em 2017, o diretor-presidente (CEO) do JP Morgan, Jamie Dimon, chamou o Bitcoin de “uma farsa”.
Todavia, em um relatório publicado no início de dezembro de 2020, os estrategistas do banco de investimento indicaram que o ouro poderia sofrer no longo prazo com o reposicionamento dos investidores em relação ao Bitcoin.
A mudança de narrativa dos investidores institucionais certamente desempenhou um papel importante no resultado atual.
Assim como o crescimento de produtos que também permitem que investidores pessoas físicas possam investir em Bitcoin e outras criptomoedas sem correr os riscos associados à gestão de carteiras em plataformas de câmbio home broker não regulamentadas.
Isso pois houveram casos de roubo de Bitcoin por hackers que atacaram essas plataformas.
E agora os investidores estão usando o Bitcoin como “hedge” para seus investimentos.
A proteção oferecida pela criptomoeda seria contra uma potencial desvalorização das moedas consideradas “fortes”, como dólar ou euro, que poderia ocorrer nos próximos anos caso a inflação volte com tudo.
Essa hipótese não é tão improvável por causa dos efeitos das políticas monetárias e fiscais super expansionistas iniciadas em resposta a pandemia do novo coronavírus.
Alguns investidores enxergam o potencial do Bitcoin como uma futura reserva de valor, e isso vem impulsionando a demanda global que, diante de uma oferta que se limitará às 21 milhões de unidades “garimpáveis” já planejadas pelo criador Satoshi Nakamoto, tem um impacto quase algébrico na alta dos preços.
O caso da Tesla poderia ser um exemplo dessa procura por “hedge” investindo na criptomoeda. E poderia induzir outras empresas a fazer o mesmo.
Halving da criptomoeda
Outra novidade que impulsiona a corrida para o alto dos preços vem da estrutura cíclica.
Aproximadamente a cada quatro anos, ocorre um “halving” dos Bitcoin. Ou seja, uma redução pela metade das comissões ganhas pelos “garimpeiros” que extraem o Bitcoin.
A última vez que isso ocorreu foi em maio de 2020. E normalmente isso leva a um desequilíbrio inicial entre os mineiros porque eles têm que se adequar ao novo paradigma.
Nos dois casos anteriores, 2012 e 2016, ocorreram fortes movimentos de alta no ano da cotação do Bitcoin após o halving. E é isso que também está acontecendo neste terceiro caso. De acordo com essa estrutura cíclica, a fase de alta pode continuar até junho-julho de 20201.
No entanto, se o preço ultrapassasse os US$ 70 mil, que segundo muitas análises representa o “valor justo” do Bitcoin neste momento histórico, vários analistas alertam que poderiam entrar numa fase de excesso de euforia.
Além disso, embora o Bitcoin mantenha uma tendência de alta no longo prazo, no final de cada ciclo de alta pós-halving, ele tende a sofrer fortes correções.
No passado a criptomoeda chegou a perder até 80% de sua máxima.
E nesta fase, já que o mercado está mais maduro e muitos investidores institucionais estão entrando comprados, a contração poderia ser menor, por volta de 30%, segundo os analistas. Que alertam sobre os riscos de uma possível correção superior a 50%, que se tornaria um verdadeiro fracasso do teste de maturidade do Bitcoin.