Os candidatos à presidência dos Estados Unidos, o atual mandatário Donald Trump e o democrata Joe Biden, realizaram o último debate antes das eleições na noite da última quinta-feira (22). O evento, que não teve momentos marcantes ou declarações bombásticas, foi menos conflituoso e mais organizado em comparação ao primeiro, realizado no dia 29 de setembro.
No debate, transmitido de Nashville, no Tennessee, Trump e Biden realizaram mútuas acusações de corrupção. O atual presidente citou acusações, que não dispõem de provas, de que Biden se beneficiou pessoalmente com negócios de seu filho na Ucrânia, enquanto Biden era vice-presidente de Barak Obama. Neste caso, Trump foi acusado de ter pedido ao governo ucraniano para reabrir investigações de casos de corrupção da empresa em que o filho de Biden fazia parte e apurar possíveis ações ilegais de seu oponente.
Por conta disso, um processo de impeachment chegou a ser aberto contra o presidente, por abuso de poder. O republicano foi absolvido em fevereiro deste ano.
O democrata, por sua vez, pontuou a falta de transparência de Trump na declaração de seus impostos. De acordo com o New York Times, o republicano pagou US$ 750 em imposto de renda federal, entre 2016 e 2017. Além disso, segundo o jornal, quando tudo é considerado, Trump “não pagou nenhum imposto de renda em 10 dos últimos 15 anos”.
Biden também questionou Trump pela forma com que foi conduzido o combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que já atingiu mais de 8 milhões de pessoas nos Estados Unidos, matando mais de 220 mil. “Este é um problema mundial, e eu tenho sido felicitado por líderes de muitos países pelo que conseguimos fazer aqui”, disse Trump.
Em um reforço de que a economia e as escolas precisavam voltar à normalidade, e que as pessoas estavam perdendo seus sustentos em meio a um crescente número de suicídios e problemas com drogas, o presidente disse que “estamos aprendendo a viver” com o vírus. Em resposta, Biden disse que a sociedade não está aprendendo a viver com a doença, mas “morrer com ela”.
Biden critica Trump pela política de imigração
Um dos momentos mais críticos do debate foi quando a política de imigração foi trazida à tona pela moderadora Kristen Welker, jornalista da NBC News. Biden criticou a atuação de Trump nessa área, salientando a controversa medida de separação de famílias na fronteira com o México.
Tal política foi revogada pela Casa Branca após forte pressão social, e determinada por um juiz federal, em 2018, mas ainda deixa aproximadamente 500 crianças migrantes sozinhas nos Estados Unidos, pois seus pais já foram deportados. “Mais de 500 crianças vieram com seus pais. Eles os separaram na fronteira para desencorajá-los a vir”, disse Biden. “Isso nos torna motivo de piada e viola todas as noções de quem somos como país.”
Trump, no entanto, disse que esse processo já havia sido iniciado no governo anterior, quando Biden trabalhava junto a Obama. Segundo o mandatário, as celas de metal nos centros de detenção de imigrantes foram construídas antes dele assumir o poder.
“Eles colocaram a foto de uma dessas gaiolas horríveis em um jornal e disseram ‘olhe para essas gaiolas, o presidente Trump as construiu. Eles haviam decidido construí-las em 2014. Ele fez isso”, disse Trump.
As “gaiolas” citadas por Trump, embora realmente tenham sido contruídas antes de seu governo, tinham um intuito distinto. Em uma entrevista no ano passado, Jeh Johnson, secretário de Segurança Interna de Barack Obama, disse que os centros de dentenção foram construídos em 2014 por conta de um fluxo repentino de migrantes no Arizona. Crianças desacompanhadas, se necessário, ficariam ali somente por 72 horas e seriam encaminhadas para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. O órgão, então, as colocaria em abrigos preparados e as direcionariam para algum local do país posteriormente.
Embora Trump assuma o posicionamento anti-imigração e nacionalista, o número de prisões e deportações durante os primeiros quatro anos de Trump permanece abaixo dos primeiros mandatos da dupla Obama-Biden. Quando Biden foi questionado pela moderadora, disse que ele e Obama cometeram “um erro”.
De acordo com a pesquisa IBD/TIPP, Biden mantém 4 pontos de vantagem sobre Trump na disputa pela Casa Branca. De acordo com o estudo, o ex-vice-presidente tem 50% das intenções de voto, contra 46% do atual mandatário. A pesquisa tem margem de erro de 3 pontos percentuais.
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