ETF de Bíblia a cannabis: 5 dos fundos de índices mais originais dos EUA
No Brasil, o investidor não está acostumado a ver fundos de índice (ETFs, na sigla em inglês) muito diferentes, mas a indústria norte-americana oferece inúmeras alternativas de ETFs para quem deseja algo ‘fora da caixa’. O cardápio de ETFs dos EUA inclui desde ativos “biblicamente responsáveis” até alternativas focadas especialmente em maconha.
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Há nos Estados Unidos, lar do mercado de capitais mais desenvolvido do mundo, uma série de ETFs, através dos quais é possível investir em ações, índices, moedas, e commodities. De acordo com informações do site ETF Database, são mais de 1.550 fundos dessa categoria disponíveis.
Já no mercado brasileiro, a história é diferente. Existem 31 ativos dessa categoria listados na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), sendo 24 de renda variável e sete de renda fixa.
Na visão de Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, a questão é elementar. “A cultura de investimentos nos Estados Unidos é muito mais ampla do que no Brasil. Consequentemente, são necessários mais produtos.”
Dados mais recentes divulgados pela B3 (B3SA3) mostram que a Bolsa brasileira tem hoje pouco mais de 3,464 milhões investidores, com R$ 448,52 bilhões para aportar onde bem entenderem. O grupo de acionistas de empresas listadas representa apenas 1,63% da população brasileira.
Enquanto isso, na maior economia do mundo, onde a população chega a 328,2 milhões, a porcentagem de pessoas investidas em ações é de 55%, de acordo com relatório da XP Investimentos.
Mas para Marcus Araujo, sócio e gestor da Valor Investimentos, é uma questão de tempo para o amadurecimento do mercado de ETFs brasileiro. “Quando olhamos para o cenário atual, por mais que haja uma perspectiva de elevação de juros, ainda temos uma Selic de 2,75% ao ano. Isso cada vez mais força o investidor que quer uma rentabilidade um pouco superior a buscar outras classes de ativos.
“Tem, sim, um gap enorme, mas que aos poucos vai sendo fechado com educação financeira e um cenário macroeconômico que favoreça o investidor a ir para ativos de risco”, completou.
Apesar do carente portfólio doméstico de ETFs, a facilidade oferecida pelas novas tecnologias para investir no exterior faz valer a pena conferir ativos diferenciados e, quem sabe, abrir os horizontes.
Reforçando que esta matéria não é uma recomendação de investimento, veja alguns dos ETFs listados nos Estados Unidos mais inusitados.
BLES é ETF para cristãos
O Inspire Global Hope ETF (BLES) é um dos produtos que busca surfar na onda do ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). O fundo segue um índice com 400 ações de grande capitalização, cuidadosamente selecionadas pelo alinhamento aos “valores bíblicos e impactos positivos no mundo”, segundo o prospecto.
Isto posto, a metodologia começa com a remoção de qualquer empresa com algum nível de participação em atividades como:
- aborto;
- jogos de azar;
- álcool;
- pornografia;
- “estilo de vida LGBT”.
Terminada a etapa, o BLES então procura companhias fornecedoras de produtos e serviços voltados para educação, combate a doenças, ajuda aos pobres e marginalizados e produtos com temática cristã. Ambiente de trabalho saudável, o envolvimento da comunidade e meio ambiente também contam como pontos positivos.
O fundo investe tipicamente 50% em títulos americanos, 40% em ativos estrangeiros desenvolvidos e 10% nomes de mercados emergentes. O índice é igualmente ponderado e reequilibrado trimestralmente.
YOLO investe em cannabis
Mas se os valores conservadores cristãos não são apelativos para o investidor, há sempre alternativas tais qual o AdvisorShares Pure Cannabis ETF (YOLO).
Além de acrônimo para o ditado popular You Only Live Once, YOLO é também o ticker de um dos primeiros fundos negociados em Bolsa com uma exposição dedicada à Cannabis. De acordo com o prospecto, é gerido ativamente e investe, em especial, em empresas globais de pequena e média capitalização com pelo menos 50% da receita líquida oriunda da indústria de maconha e cânhamo.
Além disso, o fundo busca investir em empresas registradas na Drug Enforcement Administration (DEA, órgão federal de controle de narcóticos) “especificamente para o propósito de manuseio da maconha para pesquisa e desenvolvimento legal de cannabis ou produtos relacionados”.
O Fundo concentra pelo menos 25% dos seus investimentos em ativos da indústria farmacêutica, biotecnologia e ciências da vida no setor de saúde.
BUZZ procura “insights positivos”
Não são só drogas que podem mexer com a cabeça do ser humano, e o VanEck Vectors Social Sentiment ETF (BUZZ) se baseia precisamente neste fato.
O fundo investe em 75 ações ordinárias americanas com “insights positivos” coletados de fontes online, incluindo mídia social, artigos de notícias, postagens de blogs e outros conjuntos de dados alternativos. Para isso, ele procura menções relacionadas a investimentos de empresas de grande e média capitalização usando um algoritmo proprietário.
As empresas qualificadas são então pontuadas e classificadas por “insight”, que indica o grau de sentimento positivo e a amplitude da discussão na internet.
O índice é reconstituído e rebalanceado mensalmente.
MILN é voltado para geração do milênio
Mas o BUZZ não é o único fundo de índice com foco no comportamento. Nesse páreo também está o Global X Millennial Consumer ETF (MILN), um ativo devotado à Geração Y.
Basicamente, o fundo é composto por empresas listadas nos Estados Unidos que obtêm fonte significativa de receita de gastos associados à geração do milênio, ou seja, pessoas nascidas entre 1980 e 2000.
O fundo utiliza uma metodologia própria para rastrear quais categorias são relevantes aos millennials, incluindo:
- Social e entretenimento;
- Roupas;
- Viagens e Mobilidade;
- Alimentação e Bens de Consumo;
- Serviços Financeiros e Investimentos;
- Habitação e Bens domésticos;
- Educação e Emprego;
- Saúde e Ginástica.
As companhias são então pontuadas pelo nível de exposição às categorias de gastos e avaliadas por uma escala proprietária para determinar as com maior foco em millennials.
AIEQ é ETF de inteligência artificial
Já o AI Powered Equity ETF (AIEQ) acredita poder encontrar as respostas para a valorização do patrimônio não nas pessoas, mas nas máquinas. O fundo utiliza um modelo quantitativo proprietário denominado Equbot, uma tecnologia focada em aplicar inteligência artificial aos investimentos.
Com isso, objetiva analisar e identificar ações listadas em Bolsa nos Estados Unidos com maior probabilidade de apreciação de capital nos próximos 12 meses, enquanto apresenta volatilidade semelhante à do mercado como um todo.
A cada dia, o modelo Equbot classifica as empresas com base na probabilidade de se beneficiar das condições econômicas atuais, tendências e eventos mundiais e identifica cerca de 30 a 70 empresas com o maior potencial de valorização.
Mas embora o AIEQ tome as recomendações do modelo, o ETF é administrado ativamente e não segue nenhum índice.