Em seu prospecto de registro da oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), o Nubank informou que o início das negociações dos certificados de depósito de ações (BDRs) acontecerá em 9 de dezembro na B3 (B3SA3). A faixa indicativa está entre R$ 9,35 e R$ 10,29.
De acordo com o documento, o início das apresentações para potenciais investidores estrangeiros (roadshow) acontecerá no dia 30 de novembro. Por sua vez, o período de reserva será de 17 novembro a 7 dezembro. Depois da listagem, o free float (montante em circulação no mercado) será de 6,29% do capital social do Nubank.
Serão emitidas 289,1 milhões de ações ordinárias (classe A), sem considerar lote adicional ou suplementar. Segundo a fintech, o IPO pode movimentar R$ 16,8 bilhões. A fintech prevê destinar recursos da oferta para capital de giro, despesas operacionais, novos investimentos e aquisições de negócios, produtos, serviços e tecnologia.
São consideradas ações de Classe A aquelas que serão emitidas e as de Classe B as detidas pelos fundadores da companhia.
Os coordenadores da oferta serão as seguintes instituições:
- Nu Invest (líder da oferta e antiga Easynvest)
- Morgan Stanley
- Goldamn Sachs
- Citi
- HSBC
- UBS BB
- Banco Safra
Os titulares de BDRs podem estar sujeitos a riscos adicionais relacionados à titularidade de BDRs em vez de ações ordinárias Classe A, conforme o documento. Os investidores de BDRs estão sujeitos aos seguintes riscos adicionais:
- um titular de BDRs não será tratado como titular direto de Ações Ordinárias Classe A e pode não ser capaz de exercer direitos de acionista;
- os dividendos sobre as Ações Ordinárias Classe A representadas pelos BDRs serão pagos à Instituição Depositária de BDRs, e antes que a Instituição Depositária de BDR distribua a um titular de BDRs, impostos retidos na fonte ou outros encargos governamentais, se houver, que devem ser pagos, serão deduzidos;
- a companhia e a Instituição Depositária de BDRs podem alterar ou rescindir o Contrato de Depósito sem o consentimento dos titulares dos BDRs de maneira que possa prejudicar os titulares de BDRs ou que possa afetar sua capacidade de transferir BDRs, entre outros;
- a instituição Depositária de BDRs pode tomar outras medidas incompatíveis com os melhores interesses dos titulares de BDRs.
Além disso, o fato do Nubank não estar listado no Brasil impede a CVM de realizar a supervisão integral das atividades da fintech e de executar eficazmente suas normas e decisões contra a empresa e quaisquer sanções determinadas pela autarquia muito provavelmente poderão ser impostas somente ao representante legal do Nubank no Brasil.
Cliente do Nubank será convidado para ser sócio em IPO
O programa do NuSócios distribuirá o que a companhia chama de “pedacinho” = um BDR que deve representar cerca de 1/6 de uma ação ordinária classe A da Nu Holdings, líder do grupo Nubank. Esse valor vai ser confirmado ao final do IPO e permitirá negociação de um percentual da ação do Nubank na Bolsa de Valores do Brasil, mas somente um ano depois da emissão inicial.
Contudo, a fintech frisa que há limite de R$ 180 milhões ou 18.329.939 BDRs para distribuição no programa. Caso passe desse limite, será adotada uma ‘fila de chegada’ para o recebimento dos certificados de depósito.
A estratégia adotada também prevê um ‘lockup’ dos papéis por doze meses. Ou seja, contribui para a retenção de clientes do banco.
Ainda no informe, a empresa cita que está criando o “NuSócios“, um programa que deve convidar os clientes do banco a se tornarem acionistas da companhia. Essa participação dos clientes deve vir “sem nenhum custo, por meio do recebimento de um BDR por pessoa”.
“O Nu destinará entre R$ 180 milhões e R$ 225 milhões para a compra de BDRs para os clientes, que poderão se inscrever a partir do dia 9 de novembro de 2021 por meio do aplicativo. As unidades de BDR do programa NuSócios só poderão ser negociadas 12 meses depois do IPO”, diz o Nubank.
Apesar disso, o programa ainda deve contar com critérios de elegibilidade disponibilizados no site da empresa, além de constarem no prospecto preliminar da oferta no Brasil. O programa do Nubank começa oficialmente no dia 9 de novembro.
Nubank comprou Easynvest por R$ 2,3 bilhões
Ainda de acordo com o documento, o Nubank informou que comprou a corretora Easyinvest por US$ 451,5 milhões, o equivalente a R$ 2,3 bilhões no câmbio atual.
A aquisição foi anunciada em setembro do ano passado e concluída em junho deste ano. A transação marcou a entrada da fintech no mundo dos investimentos.
Após a compra, a corretora foi renomeada de Nu Invest e hoje é líder da coordenação do IPO do Nubank.
Demonstrações financeiras
No documento divulgado nesta segunda (1º), onde consta o valor pago pela Easynvest, o banco digital destaca que entre janeiro e setembro, o Brasil foi responsável por 98% das receitas da companhia, com montante de R$ 4,5 bilhões.
Já no México, as receitas somaram R$ 69,4 milhões (US$ 13 milhões), ao passo que a Colômbia gerou R$ 917 mil (US$ 172 mil).
O demonstrativo que consta no documento do prospecto mensura um período de nove meses, de janeiro ao fim de setembro. Na tabela, a fintech compara o período de 2021 ao ano de 2020.
Enquanto em 2020 o prejuízo do Nubank foi de R$ 327 milhões de reais, até o fim de setembro deste ano a fintech já somou R$ 528 milhões na última linha do seu balanço. Ou seja, houve uma ampliação de 61% no prejuízo.
Na tabela, praticamente todos os indicadores tiveram aumento (incluindo os prejuízos). As únicas linhas que encolheram em relação ao ano de 2020 foram as de Custos financeiros, a de ‘Outras receitas’ e o Total dos tributos sobre o lucro. Este último saiu de R$ 76 milhões para R$ 92,7 milhões negativos.
Além disso, vale frisar que a receita de crédito saiu de R$ 861 milhões para R$ 1,3 bilhão, alta de 51%. As receitas de juros, com empréstimos e ‘outros ativos ao custo amortizado’ cresceram 4,2% e 5,2%, respectivamente.
Nesse sentido, o total de receita do Nubank saiu de R$ 2,7 bilhões para R$ 5,6 bilhões, alta de 108%.
A alta foi fortemente influenciada pelo crescimento de receita de tarifas e comissões. Segundo a demonstração financeira do Nubank, a alta foi de 97%, saindo de R$ 1,2 bilhão no ano de 2020 para R$ 2,4 bilhões neste ano.